Parauapebas: presente pujante e o futuro incerto

Na data corrente (10), há trinta e três anos surgia no mapa brasileiro mais um município, desmembrado – assim como outros próximos – de Marabá. Nascia rico por ser dono da maior reserva mineral já mapeada em todo o planeta. A riqueza mineral da região, especificamente na Serra Norte, seria o motor desenvolvimentista que iria – no plano teórico – promover mudança significativa e irreversível ao território regional, como de fato ocorreu.

São trinta e três anos (isso só de emancipação) de um intenso processo de ocupação, conflitos, descobertas, encontros, desencontros, chegadas e partidas. Parauapebas é, sem dúvida, um porto sem cais, sem píer, sem navios ou barcos… Um pujante ponto de encontro. Encontro esse de sonhos, desejos, perspectivas, frustrações, luta, conquistas e perdas. Foi dessa forma, com centenas de personagens importantes, que logo deixaria de ser uma vila, um ponto de apoio para a instalação do maior projeto mineral do planeta, para se tornar mais uma municipalidade brasileira, com a diferença de ter se tornado rapidamente um dos maiores motores da economia nacional (o que se confirmou anos depois, e se mantém por um longo tempo – pelo menos, enquanto a cotação do minério de ferro estiver nas alturas no mercado internacional).

Parauapebas já iniciou um novo ciclo, após três décadas de intensa dependência mineral. O município vem buscando criar bases econômicas (ainda insuficientes) para além das cavas da extração mineral, a exemplo do que foi tratado aqui recentemente em relação ao turismo. Além disso, há um nível mediano de comércio e serviços na cidade (ligado claramente a mineração, que direta e indiretamente o sustenta), mas que já produz desdobramentos próprios dentro da cadeia produtiva local.

Cabe a Prefeitura o desafio de gerir um território complexo, com crescentes demandas, todavia com um orçamento de fazer inveja a grandes metrópoles, mas que deixa de ser suficiente quando se analisa a sempre crescente demanda que o contínuo crescimento desordenado (cada vez menor) impõe ao poder público local. Três décadas de intensa extração da maior riqueza da região que não voltará, e que caminha (pelo atual modelo de extração, cada vez mais voltado ao aumento de produção) para o aceleramento de sua exaustão, no caso de Parauapebas, a Serra Norte. Quais as alternativas? Plano B?

Alternativas há, planos existem, modelos desenvolvimentistas estão prontos para serem adaptados, recriados. A questão é vencer a força motriz que a lógica da dependência de um único recurso impõe a região. Em 1993, o economista Richard Auty teorizou sobre as economias que são dependentes quase que, exclusivamente, de um único recurso finito, com data para acabar, quase sempre, bem antes do planejado. Por isso lançou a teria: “Maldição dos recursos naturais”. Seria sustentada no paradoxo da abundância de recursos não renováveis e o mal que eles causam a uma determinada região.

Auty, afirma que a supremacia e dependência de um único recurso causariam: declínio de outras atividades econômicas e tornaria a receita de arrecadação volátil. Ou seja, o município sempre teria indefinição orçamentária, podendo acarretar risco no cumprimento de compromissos. Se a compra do produto entrar em declínio, diminuir a sua compra no mercado internacional, as arrecadações despencariam.

Todavia, apesar do futuro incerto, hoje (10) é dia de comemorar. Parabéns Parauapebas por seus 33 anos de um memorável recente processo histórico. Que cada parauapebense, fixo ou transitório, possa refletir nesta data: o que nos espera no futuro? Ou como mudar o futuro incerto? Parabéns, Parauapebas, que a cidade-menina possa ser muito mais do que um depósito mineral, encravado no meio da floresta amazônica. Que o seu futuro seja cada vez menos dubitável e mais promissor.

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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