Historicamente o Partido Social Liberal (PSL) desde a sua fundação, em 1994, sempre foi uma legenda considerada “nanica”, ou seja, com pouca representatividade ou expressão política. Sua ideologia original era o social-liberalismo, que defende menor participação do Estado na economia.
Em 2018, o então deputado federal e presidenciável Jair Bolsonaro, anunciou a sua filiação ao partido. A partir daquele momento a legenda cresceu rapidamente, pois começou a ocupar destaque no cenário político nacional. Na onda “bolsonarista”, centenas de candidaturas vieram juntas. Hoje, o partido conta com 52 deputados federais, três governadores e quatro senadores. Indiscutivelmente a legenda que mais cresceu no país nos últimos anos.
No caso da Câmara, logo após o fim do processo eleitoral, onde pode-se analisar o perfil da bancada eleita, percebeu-se logo que ela estava composta em sua maioria por aventureiros, oportunistas que – ao terem alguma visibilidade em seus ramos de atuação, mas sem nenhuma experiência política – foram eleitos puxados pela onda bolsonarista, mas sem identidade ou ideologia. Mês passado tratei deste assunto, cristalizado no artigo: “PSL cada vez mais longe do governo. Por incrível que possa parecer, isso é bom ao Palácio do Planalto” (Leia Aqui)
O Bolsonarismo se afastando do PSL. Novo partido? Ou acomodar-se em um já existente?
A mais nova crise do recém governo ocorreu dias atrás, quando o ainda ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, no auge da crise envolvendo suspeitas de candidaturas “laranjas” do PSL, que podem ter sido usadas para desviar recursos de campanha, afirmou que havia conversado com o presidente Jair Bolsonaro sobre o fato. Em seguida, o filho, Carlos, desmentiu por rede social o ministro. Não contente, o vereador carioca divulgou áudio do pai sobre o caso. Tal atitude desencadeou uma crise (mais uma) dentro do governo. Aprofundada com a postura do presidente em validar a narrativa do filho.
Em resumo, o fato que deve desencadear na exoneração de Bebianno, e de quebra, desnuda um outro processo: a estratégia de afastamento do bolsonarismo do PSL. A situação é simples: o referido partido recebeu Bolsonaro e a sua leva de simpatizantes, que culminou em uma reconhecida vitória nas urnas. Mas a estratégia, sobretudo de Carlos e Eduardo, ambos de atuações mais ideológicas do governo, querem uma outra “casa”, uma nova ou outra maior, com maiores e melhores condições políticas.
O “laranjal”, portanto foi uma ótima notícia ao clã bolsonarista, e que validará a saída do PSL, com o discurso da corrupção. Bebianno seguirá o caminho da rua; Carlos venceu, e deu sentido a sua estratégia política.