Na disputa pelo Senado, Zequinha Marinho poderá sobrar

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Qualquer definição no que diz respeito aos acordos político-partidários neste momento, pode ser prematuro e caminhar em direção errônea. No caso do Pará, a disputa pelo governo do Estado promete ser uma das mais acirradas da recente história política paraense, desde o processo de redemocratização do país.

Os primeiros movimentos em relação à política de alianças do pré-candidato Helder Barbalho, pareciam seguir um caminho, convergindo claramente para a ampliação de alianças que possam garantir maior musculatura eleitoral e tempo de aparição nos veículos de comunicação na campanha.

Para isso, havia um consenso dentro do MDB paraense, controlado pelos Barbalho: a desistência da reeleição de Jader ao Senado Federal, com a ida do ex-governador para disputar uma das 17 cadeiras da Câmara Federal, que o Pará tem direito. Seria alternativa segura de atrair aliados, haja vista, que está disponível duas vagas ao Senado. A princípio, um assento estaria reservado ao PR (à época havia a possibilidade de ser ocupado por Lúcio Vale); e outro ao atual vice-governador Zequinha Marinho, atraindo o seu PSC.

Mas Jader não quis fazer suspense ou adiar o anúncio. Definiu que disputará a reeleição, tornando público tal decisão, apesar de ter o nome citado na operação Lava Jato, quer se manter na Câmara Alta por mais oito anos (decisão sustentada pelos números favoráveis de pesquisas de consumo interno que apontam o seu nome como um dos favoritos na disputa ao Senado). Portanto, sobrou a Zequinha uma cadeira.

Há uma questão central que pesa contra o presidente do PSC no Pará: historicamente nas eleições ao Senado com duas vagas em disputa, o eleitorado sempre indica as suas duas opções em candidaturas diferentes: uma apoiada pelo governo e outra do lado oposicionista. Portanto, a disputa da reeleição por Jader é um duro baque nas pretensões políticas do atual vice-governador. O senador emedebista é o favorito dentro da possível coligação de seu filho ao governo do Pará. O que Marinho poderá acertar é o apoio do senador ao “segundo voto”, ou seja, Jader pedir que o seu eleitorado e simpatizantes votem nele e em Zequinha, o que isso não é garantia de acontecer na prática.

Zequinha Marinho, em 2014, teve o seu então maior projeto político realizado. Tornou-se vice-governador e elegeu a esposa Júlia Marinho ao parlamento federal. A estratégia seguinte, para 2018, é reeleger a sua cônjuge e com a projeção do segundo cargo político mais importante do Pará, ter a máquina estadual na chapa ao Senado Federal, sendo o candidato do governador. Mas Marinho, assim como os outros, caíram no conto de Simão Jatene. Foi isolado dentro do governo. Restou ao vice-governador romper com o chefe do Executivo e mudar de lado na campanha.

O peso político de Marinho é bem-vindo dentro do clã dos Barbalho, agrega eleitoralmente as pretensões de Helder em ser o próximo governador do Pará; porém é medido, ou melhor, podado pelos dirigentes emedebistas. A decisão de Jader é um claro recado a Zequinha de que é aceito no grupo, mas não terá as vantagens ou apoios que imaginou ao mudar de lado.

Marinho não tem escolha. É persona no grata do lado jatenista. Lhe sobrou o lado da oposição para manter a sua sobrevivência política. Terá que redobrar os trabalhos agora em busca do assento que sobrou, haja vista, que terá ao seu lado um forte concorrente; e do outro, adversários promissores. Será que o líder do PSC será mais um vice-governador a ficar sem cargo após as eleições?

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