Parauapebas em meio à inconsistência dialética do governador

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Em maio de 2018, ex-ministro da Integração Nacional e então pré-candidato ao governo do Pará, Helder Barbalho (MDB), esteve em Parauapebas por conta da data festiva de 30 anos de emancipação do município e a cerimônia de sorteio de lotes urbanizados pela Secretaria Municipal de Habitação (Sehab). Na ocasião, o Blog do Branco – com exclusividade – entrevistou Helder Barbalho.

Na pauta haviam diversos assuntos. Por conta da agenda apertada do então pré-candidato, o encontro precisou ser rápido. Foram feitas quatro perguntas bem amplas e que tiveram como respostas uma extensa explanação do entrevistado, que acabou em sua réplica entrando em outros assuntos.

Pois bem, na referida ocasião, o blog fez a seguinte pergunta a Helder Barbalho: ” Parauapebas está completando hoje três décadas de emancipação, sendo um dos municípios que mais geram divisas ao país e consequentemente ao estado, e sempre foi um dos mais penalizados em relação à investimentos, especialmente do governo estadual. Como o senhor vê essa situação e como mudar isso? De que forma – na prática – pode-se compensar esse desequilíbrio histórico e penoso a população local? E obteve a seguinte resposta:  O Estado não pode se acomodar no momento em que Parauapebas recebe um recurso diferenciado e não se fazer presente. Se fazer presente com ações, como exemplo a conclusão do hospital que foi necessário a prefeitura fazer a intervenção porque o Estado não fez, que permite não só atender a saúde pública do município, e sim de toda esta região; viabilizando iniciativas de segurança pública com a presença efetiva do Estado, promovendo a proteção para as pessoas; garantindo a participação efetiva de universidades que possam gerar oportunidades e ensinos técnicos para a formação da mão-de-obra, para invertermos à lógica de trazer gente de fora para ocupar postos estratégicos, enquanto que que a mão-de-obra local fica apenas no formato braçal. Portanto, para isso, precisa-se de investimentos em educação.

Portanto, Helder Barbalho deixou claro que, caso eleito, o seu governo investiria fortemente na “Capital do Minério”, com diversas obras em diversos setores. Narrativa bem diferente da atual, concedida ao Blog do Zé Dudu, na última sexta-feira, 18. Nela, Helder Barbalho na condição de governador, mudou o seu discurso em relação ao referido município. Compare:

” Com relação aos municípios que você citou, Parauapebas e Marabá, acho que o problema não é dinheiro. O problema deles é estratégia, é planejamento, é gestão, é interação com a atividade econômica, e o Estado vai participar como ator parceiro dos municípios para liderar esse processo. Agora, imaginar que o problema para o desenvolvimento econômico de Parauapebas é injetar mais recurso público em Parauapebas, desculpe-me, mas eu discordo disso. Acho que o problema não é dinheiro, não. Dinheiro tem. E sobrando.”

E o governador continua… E o que que está sendo feito com a maior renda per capita do Brasil, que é o caso de Parauapebas, para mudar isso? –Seguramente, se eu colocar mais alguns milhões aí, não vai mudar, se continuar na regra que hoje está. Porque o problema não é dinheiro. Não é porque é meu aliado que está há dois anos na prefeitura — e aí não quero desconsiderar quem tenha estado antes, mas estou citando particularmente esse mandato — que eu possa imaginar que o problema seja recurso. Não adianta eu arrumar milhões do Estado para Parauapebas se não tiver uma estratégia de planejamento, inclusive, chamando a Vale e compreendendo o seguinte: “Olha, nós vamos ficar só nesse ciclo vicioso de ‘eu pago meus tributos, e tudo certo’? Mas e aí, vai para onde isso? Desse dinheiro vai ser feito o quê? Como é que a gente gera emprego, como é que a gente faz com que isso chegue à base da sociedade?” Eu só acredito em solução que seja pautada na construção com base em planejamento que passe por diversas agendas, que gerem emprego e que gerem desenvolvimento. Então, particularmente aí, na região de Parauapebas e entorno, nos próximos quatro anos, nós teremos algumas agendas profundamente estratégicas. Não tenho dúvida de que nós vamos conseguir a verticalização mineral para região de Marabá e entorno. Inclusive, vamos ter a construção de termelétricas nessa região.

O que levou em um intervalo de menos de um ano, a mudança no discurso do governador em relação à região, em particular a Parauapebas? Por que antes havia um amplo plano de investimentos, sobretudo em infraestrutura, e hoje a narrativa que o envio de recursos não seria a solução?

Helder Barbalho é um político – apesar da idade – experiente e um grande estrategista. Não faria discursos oportunistas, de campanha, para depois desconsiderá-los ao chegar ao poder. A questão parece ser na relação com a gestão municipal, ou melhor com o prefeito Darci Lermen. O governador cobra do alcaide municipal uma gestão de melhor qualidade, que promova – de fato – retorno à população parauapebense. O governador sabe da importância política e econômica de Parauapebas, o quinto maior colégio eleitoral paraense.

A narrativa mais atual do governador soa como efeito de “puxão de orelha” ao prefeito. Helder sabe que o município concede mais do que recebe por parte do Estado, e assim será. Portanto, o governador tem a responsabilidade com Parauapebas e promessas de campanha que constam em seu Plano de Governo para cumprir no município. Que a inconsistência dialética do mandatário estadual sirva de lição ao prefeito Darci, que por sua vez, precisa fazer bem o seu papel de gestor, algo que está bem distante do nível aceitável.

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