Zenaldo Coutinho venceu, mas foi jogado à vala comum dos maus políticos

COMPARTILHE:

Zenaldo Rodrigues Coutinho Junior é o atual prefeito de Belém (2013-2016/ 2017-2020). Tem 34 anos de vida pública e entrou para a política em 1982, aos 21 anos, quando foi eleito vereador. Foi reeleito nas eleições seguintes. Foi duas vezes deputado estadual, chegando à presidência da Assembleia Legislativa do Pará em 1995. Dois anos depois, ocupou o posto de líder do Governo na casa. Em 1999, Zenaldo Coutinho chegava a Brasília para cumprir quatro mandatos seguidos como Deputado Federal.

Em seu segundo mandato, se licenciou das atividades como parlamentar para atender ao convite do Governador do Pará, Simão Jatene, e assumir a chefia da Casa Civil do Estado. Em agosto de 2011, ele deixou a Casa Civil para assumir a Secretaria Especial de Proteção e Desenvolvimento Social, mas deixou no mesmo ano para atuar na frente parlamentar contra a criação dos estados do Tapajós e Carajás, durante o plebiscito que consultou a população do Pará sobre a possibilidade da divisão do Estado – fato inédito na história republicana do Brasil.

Em 2012, Zenaldo Coutinho foi candidato a prefeito de Belém, pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), sendo eleito no segundo turno das eleições municipais com 56,61% dos votos válidos. Nas eleições de 2016, Coutinho foi reeleito com 52,33% dos votos, com uma virada surpreendente, que derrubou todos os prognósticos de especialistas e pesquisas.  

Essa é a biografia do prefeito reeleito de Belém. Percebe-se que a sua trajetória política é invejável. Nunca perdeu nenhuma eleição que disputou, independente de esfera. Tornou-se político de carreira, passando por quase todas as instâncias políticas. Após a sua vitória novamente contra o ex-prefeito Edmilson Rodrigues (Psol) se credenciou fortemente para suceder a Simão Jatene no governo do Pará, em 2018.

A imagem de bom cidadão, bom político que ostentou por décadas no parlamento (nos cargos de vereador, deputado estadual e federal) caiu por terra ao se aventurar no Executivo, como ordenador de despesas na condição de prefeito. A forma – nada republicana – de sua atual gestão que caminha para o fim, independente da vitória nas urnas no último dia 30, está manchada. Recheada de denúncias de todas as ordens. Nepotismo, compra de votos, improbidade administrativa, são alguns exemplos. A imagem de político ético, que o destacava em relação à seara volumosa de corruptos, era o seu diferencial, o destacava. Agora, não mais.

Zenaldo deverá enfrentar uma longa e desgastante disputa na justiça. Ainda aguarda o julgamento dos quatro processos contra ele. Se for condenado, poderá nem assumir a prefeitura de Belém e uma nova eleição será convocada. Se mantiver no cargo, deverá enfrentar uma longa batalha judicial. Em Belém, cresce movimentos populares que pressionam a justiça pelo afastamento em definitivo do tucano. E assim será até o fim do seu novo mandato, caso venha cumprir até o fim. Ficou taxado como político “cassado”.

Mesmo mantendo-se como prefeito (o que deverá ocorrer), já tem a imagem arranhada. A sua virtude e cartão de visita como político honesto, sem processo ou acusações, já foi perdido. Foi jogado à vala comum dos maus políticos. Isso poderá lhe custar a possível indicação para ser o candidato tucano ao governo do Pará, em 2018. Zenaldo Coutinho, portanto, ao se reeleger como prefeito de Belém, não ganhou, pelo contrário, perdeu politicamente. Mais uma vitória de Pirro entre tantas de nossa política.

O blog no X