Em novembro próximo, o presidente Jair Bolsonaro completará dois anos sem filiação partidária, desde quando saiu, ao fim de 2019, do Partido Social Liberal (PSL) por divergências com a Executiva da legenda. Seu objetivo era controlar integralmente o partido, ação que foi barrada internamente, provocando um racha.
Estava claro que Jair iria desembarcar do PSL, após a estabilização política com o fim do processo eleitoral. Como já dito aqui em diversos artigos sobre o tema, ou o clã Bolsonaro controlaria a citada legenda, ou iria abandoná-la. O bolsonarismo sempre se achou maior politicamente do que o PSL, e o partido àquela altura havia cumprido o seu papel: acomodar institucionalmente o movimento político liderado pelo presidente eleito.
À época, a questão estava centralizada no controle dos pomposos milhões dos fundos partidário e eleitoral do partido. No período citado, ficava no ar – já adiantado aqui em outros artigos de opinião – o que seria ou restaria do PSL, sem os Bolsonaro e seus apoiadores? A médio prazo, esperava-se que partido voltasse a ser um nanico, com a debandada de parlamentares, o que, na prática, não ocorreu.
Segundo a legislação eleitoral, para um partido político possa ter o seu registro reconhecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), se faz necessário apresentar minimamente 492 mil assinaturas validadas, o que não ocorreu. O citado Tribunal só validou pouco mais de 57 mil, o que inviabilizou a criação do Aliança pelo Brasil.
Depois de não ter conseguido criar uma legenda para chamar de sua, Bolsonaro terá que se filiar a uma já existente. Sobre essa questão, há muita especulação, pois criou-se um leque de possibilidades de filiação ao presidente. Pensava-se que os partidos fariam fila para ter Bolsonaro em seus quadros, o que não ocorreu. Entre todos, o Patriota demonstrou interesse público, até se cogitou anunciar a filiação do mandatário nacional, o que até o momento, não aconteceu.
Partidos como PTB e PP não demonstram o devido interesse, que no caso deles, ocorreu pressão de parlamentares para que não aceitasse a filiação de Jair. O primeiro, comandado por Roberto Jeferson (ainda preso por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes) convidou Bolsonaro para ingressar na legenda, mas há resistência de parlamentares petebistas.
O que está claro é que quase nenhum partido quer Jair Bolsonaro. Sabem que a estada do presidente em seus quadros atrai votos, mas cria muita instabilidade interna (vide o caso do PSL). O presidente e sua prole quer controlar a legenda, por isso, a dificuldade de entendimento. A criação de um partido para chamar de seu, seria a alternativa a Bolsonaro, mas o seu projeto naufragou.
Em matéria postada no site Metrópoles, o jornalista Guilherme Amado afirmou que o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, fez um pedido ao PTB na reunião em que recebeu o convite de filiação para o seu pai, na última segunda-feira (20/9). O senador disse a Otávio Fakhoury, presidente da sigla em São Paulo, que Jair Bolsonaro quer escolher os candidatos do partido ao Senado em todos os estados.
Agora, o chefe da nação terá que, mesmo a contra a sua vontade, se filiar a um partido. No caso do PTB, impõe suas vontades. A questão central é: “Quem quer Jair?”.