Como esperado, ontem (01), os favoritos Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e Arthur Lira (PP-AL) – apoiados pelo governo Jair Bolsonaro – se elegeram presidentes do Senado Federal e Câmara Federal, respectivamente; em ambos os casos de forma tranquila, na margem esperada de votos.
O termo que compõe o título deste artigo de opinião é de origem alemã. Na tradução livre quer dizer “política realística”, referindo-se à política ou diplomacia baseada principalmente em considerações práticas, em detrimento de noções ideológicas. O termo é frequentemente utilizado pejorativamente, indicando tipos de política que são coercitivas, imorais ou maquiavélicas.
Pois bem, dito isto, independente do sentido que o termo está relacionado, neste caso às eleições ao Senado e Câmara, ele reflete bem o momento. De fato, a política real se impôs. A vitória máscula de Arthur Lira é o retrato disso, justamente porque o agora presidente eleito da Câmara Federal, contou com apoio de partidos de esquerda, como o PT (em maioria de sua bancada) por conta de uma cadeira na Mesa Diretora.
Na Realpolitik não cabe ideologia e até ética. Ela é pragmática e prática. Forma-se em nome da manutenção de quem está no poder, ou para conquistá-lo a todo custo. Para isso, todo acordo é válido e possível. Isso explica, por exemplo, a derrota de Rodrigo Maia (DEM-RJ), que nem conseguiu, por exemplo, fechar apoio ao seu candidato, Baleia Rossi (MDB-SP) dentro do Democratas, seu partido.
Como já dito, resta esperar como será a relação entre a Câmara dos Deputados, agora presidida por Lira, um grande articulador do bloco chamado Centrão, com o governo Bolsonaro. O Palácio do Planalto irá controlar o parlamento? Ou o novo presidente em nome do grupo que compõe e que o ajudou a ser eleito, irá cobrar a fatura, aumentando espaços dentro da estrutura do governo?
Lira assume a Presidência da Câmara com a sua gaveta cheia, tomada, até o momento, por 64 pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Isso pode ser usado como moeda de troca pelo parlamento? Sim, a “Realpolitik” impõe isso. Todavia, aceitar um pedido de impedimento requer base política, mas antes disso, pressão social, que vem aumentando, porém, ainda insuficiente para qualquer movimento brusco de tentar retirar o presidente Jair Bolsonaro do cargo que ocupa.
Certo mesmo é que, agora, desde Eduardo Cunha, o Centrão está de volta ao poder. A política real se impõe e Rodrigo Maia viu isso da pior forma possível: dentro de “casa”. O termômetro agora são as ruas. A ver.