República do leite condensado

No último domingo (24), o site Metrópoles divulgou reportagem sobre os gastos de alimentação do governo federal, em 2020. O montante chegou a 1,8 bilhão de reais. De itens mais simples, básicos, a lista continha artigos alimentares mais refinados. Em comparação a 2019, o aumento foi de 20%. Para a reportagem, foram considerados apenas os itens que somaram mais de R$ 1 milhão pagos.

Segundo o citado site, em 2020, os órgãos federais sob comando do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), só para citar um exemplo curioso, gastaram pouco mais de R$ 5 milhões na compra de fruta desidratada. O gasto (e o gosto) com o produto, questionável para alguns, não é nem 1% do valor total pago na compra de supermercado do governo. Porém, o item que mais gerou polêmica foi o leite condensado, que somou a bagatela de R$ 15 milhões, a um preço unitário de R$ 162,00. A repercussão se deu justamente porque o atual mandatário da nação sempre se mostrou grande apreciador do produto em questão.

Esquizofrenia Bolsonarista

Jair Bolsonaro sempre se apresentou como um candidato que iria acabar com a “mamata”, como o próprio se referia ao tratar da questão de privilégios. Bravejava aos quatro cantos que seu governo iria por fim as mordomias de gestões anteriores. Pois bem, o discurso não se aplica a prática desde o início do governo. Nada do que foi prometido na campanha, foi feito. Gastos exorbitantes com o cartão corporativo; aumento nas despesas com a folha de pagamentos; contratação de amigos e parentes do presidente…

Tudo isso é novo? Claro que não. Todavia, Jair Bolsonaro enfatizou em sua campanha que todos esses privilégios acabariam em sua gestão. Como dito, nada foi feito. Em alguns casos, até se aumentou a “mamata”.

Os valores divulgados pelo site Metrópoles via Portal da Transparência, precisam de análise apurada dos órgãos de controle. Além de valores exorbitantes, quando se esmiúça os números, fica claro o superfaturamento em quase todos os produtos adquiridos. Indo mais a fundo, percebe-se que, os fornecedores, pelo menos, a grande maioria deles, não tem histórico de prestação de serviço ao porte da estrutura do governo federal. O Ministério Público Federal (MPF) precisa apurar com rigor, assim como a Controladoria Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU). As contas não fecham. Claramente há irregularidades.

Enquanto se gastou R$ 1,8 bilhão em alimentos no ano de 2020, governo quer cortar o auxílio emergencial por falta de recursos. Sob a gestão de Bolsonaro, instituímos a “República do leite condensado”, o novo símbolo da esquizofrenia bolsonarista. Como diz o ditado popular: “Tudo como dantes no quartel de Abrantes”.

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

#veja mais

Canaã: Prefeitura irá construir novas avenidas com ciclovia e iluminação em LED

Seguindo o planejamento da gestão da prefeita Josemira Gadelha (MDB), em transformar o município de Canaã dos Carajás em um dos mais desenvolvidos do Pará,

Cercos e o recuo estratégico. O mundo real novamente se impôs

Depois de avançar muito sobre os limites do cargo que ocupa, ameaçar a manutenção do regime democrático, atentar contra outros Poderes, instigar o descumprimento de

Reflexões e provocações sobre o Pará

Assim como na semana passada, nesta, concedi entrevista a mais um jornalista do eixo sul-sudeste do Brasil. Na anterior abordei sobre a reforma educacional do

Rapidinhas do Branco. XXIX

Presidente a todo vapor O presidente da Câmara de Vereadores de Parauapebas, Rafael Ribeiro, do MDB, irá iniciar os trabalhos legislativos de 2023 na próxima

Vice definido

Informações levantadas pelo Blog do Branco dão conta que a suspeita aqui levantada há alguns meses, começou a criar forma, tornando-se mais real. Tendo como

CPI da VALE: Alto escalão da mineradora prestou esclarecimentos aos deputados

Desde de a último dia 30, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a atuação da Vale no Pará, vem promovendo oitivas com o