Resistência de Belém para sediar a COP30

Toda semana – como se fosse ação articulada – é produzido um editorial por algum veículo de comunicação nacional e internacional, com objetivo de desmerecer e colocar em xeque a realização da próxima Conferência das Partes sobre o clima e as mudanças climáticas (COP) em Belém.

Os apontamentos são o mesmo: que a capital paraense não reúne as mínimas condições, sobretudo, na questão de infraestrutura, não dispondo, por exemplo, de rede hoteleira para atender aos milhares de visitantes e autoridades que desembarcarão em solo paraense.

De fato, os apontamentos são verdadeiros (em alguns casos exagerados) em relação à péssima infraestrutura que Belém oferece, e representam de todo modo a dura realidade diária dos belenenses que moram na periferia.

A questão é que usam tais apontamentos como critério para que se defenda na opinião pública a mudança de sede, que a COP30 seja realizada em outra cidade brasileira, que teria, portanto, maior infraestrutura para receber um evento internacional de grande porte.

Em linhas gerais, se quer tirar da região amazônica a possibilidade de discutir seus problemas, suas demandas, realidades in loco, para novamente se propor ações e projetos “de cima para baixo” como historicamente aconteceu, inclusive internamente, quando os governos brasileiro promoveram diversos “planos” para a nossa região.

As autoridades mundiais precisam pisar no solo amazônico para discutir a Amazônia, tão falada quando se debate o clima e ações sustentáveis pelo mundo, para que possam conhecer a realidade de uma metrópole margeada pela maior floresta tropical do planeta, a região mais importante para a pauta ambiental global, todavia, marginalizada por um processo de desenvolvimento nacional-internacional.

Belém não é Glasgow, maior cidade escocesa, local que foi realizado a COP26, em 2021. Muito menos, Sharm El Sheikh, no Egito, que sediou o evento em 2022; tampouco Dubai, capital dos Emirados Árabes, sede da COP28, em 2023. A atual edição, em Baku, no Azerbaijão, também serve como discurso comparativo com a capital paraense, para mais uma vez desmerecer Belém em relação aos outros eventos.

A COP30 goste ou não será realizada no próximo ano em Belém. O mundo irá conhecer a segunda mais populosa cidade da Amazônia, que precisa ser discutida em suas fronteiras, em seu território. Não se pode definir o futuro de uma região a milhares de quilômetros de distância.

Belém é Belém, com suas virtudes e muitos problemas. Venham debater o futuro do planeta – que passa obrigatoriamente – pela Amazônia, tomando açaí e comendo peixe-frito.

Imagem: Agência Brasil – EBC

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

#veja mais

Pará: Governador destaca avanços dos preparativos para COP30 em São Paulo

O governador do Estado, Helder Barbalho, destacou os avanços dos preparativos para a COP30, nesta segunda-feira (26), durante o Fórum ‘Veja na COP30’, realizado pela

#TBTdoBlog: Que tiro foi esse?!

Em mais um capítulo da série “#TBTdoBlog”, vamos relembrar um fato que causou o maior reboliço no início da campanha para a Prefeitura de Parauapebas,

Novo teto dos juros do cartão de crédito começa a valer em janeiro

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que a partir de janeiro os juros acumulados em casos de atraso no pagamento da fatura do cartão

Dívida Pública Federal sobe e fecha 2022 em R$ 5,9 trilhões

O estoque da Dívida Pública Federal (DPF) subiu 1,37% em dezembro e fechou o ano de 2022 em R$ 5,951 trilhões. Os dados foram divulgados

Mais uma vez a lama levou tudo. A lição de Mariana não serviu de nada

Passava das 16 horas quando um barulho ensurdecedor interrompeu, em 5 de novembro, a tranquila rotina do distrito de Bento Rodrigues, na cidade mineira de

Parauapebas: prefeito Aurélio Goiano decreta Estado de Emergência Administrativa

Em pleno feriado municipal, Parauapebas acorda com uma decisão que não foi anunciada previamente, mas para os mais conhecedores de política sabem que ela poderia