No Brasil, a rosa-branca foi introduzida pelos jesuítas em meados de 1560 e 1570, sendo utilizada como planta ornamental e ingrediente culinário de conservas, corantes, confeitos, chá, óleos, óleos essenciais, entre outras. Devido aos chineses, a rosa passou a ser utilizada com fim medicinal.
Foi justamente a forma como o agora ex-vereador Aurélio Goiano (PSD) resolveu se despedir de seus pares, entregando para a maioria deles, flores, como forma de “agradecimento” pelo seu tempo de estada naquela Casa de Leis.
Após uma longa sessão extraordinária, que quase durou seis horas, a Câmara Municipal de Vereadores de Parauapebas, nesta quinta-feira, 21, consolidou o processo de cassação do mandato do Vereador Aurélio Goiano (PSD). Foram 12 votos a favor e nenhum contrário ao Projeto de Resolução nº 15/2021. Sendo assim, pela primeira vez em sua história política, Parauapebas acompanhou a cassação de um mandato parlamentar.
Em sessão histórica, o plenário da Casa de Leis esteve lotado, dividido entre apoiadores do vereador e os que pediam o seu afastamento em definitivo. Ao fim, na data corrente, foi encerrado o curto mandato de Goiano, que durou apenas 294 dias. De modo geral, a sessão extraordinária foi muito conturbada, sendo paralisada por diversas vezes. Havia clima de atrito entre aos apoiadores do parlamentar em questão, e os que pediam a sua cassação.
Em seu tempo de exposição que, pelo regimento interno da Casa, seria de duas horas, Goiano afirmou que os vereadores estão todos “vendidos” ao governo municipal, e que estava sendo cassado por ser o único da oposição e também por – segundo ele – não entrar no “jogo” dos demais. Em sua defesa, a advogada Samila de Carvalho, apresentou diversas justificativas evasivas sobre acusações que pairavam sobre o seu cliente. Em sua apresentação, a operadora do Direito entrou em divergência com diversas pessoas que estavam no plenário. Utilizou filme que mostrou a crucificação de Jesus Cristo, fazendo analogia ao que seu cliente estava vivendo ao sofrer o processo de cassação. Seguindo o teatro, encenou com papel sendo jogado em uma lixeira, fazendo referência ao que estava acontecendo com os 1508 votos que, segundo ela, estavam sendo jogados fora por conta da cassação do mandato de seu representado.
Conforme escrevi recentemente, de certa forma, e utilizando como estratégia política, ocorreu, na verdade, uma autocassação. Ou seja, o agora ex-vereador Aurélio Goiano promoveu com suas atitudes e ações que passaram à margem do decoro parlamentar e foram muito além do aceitável, configurando-se como abuso de autoridade, o que provocou o seu afastamento em definitivo do cargo, que aliás não é a primeira vez que o ex-parlamentar passa por essa situação, já que teve seu mandato de vereador em Água Fria (GO) exercido no período de 2005 a 2008, também cassado.
Segundo a sua assessoria jurídica, a decisão que cassou o seu mandato, deverá ser questionada na Justiça, que não tem prazo para julgar a procedência do pedido. O PSD manterá a cadeira na Casa de Leis, pois, o primeiro suplente é Cassio de Meneses Silva, conhecido como “Cássio da VS-10”, que obteve 1.154 votos na eleição de 2020, que assumirá a vaga do “entregador de rosas”.
Resta saber se a estratégia política de virar mártir irá funcionar ao agora ex-vereador. A ver.
Imagem: Felipe Borges.