O compromisso é fixo no calendário. De quatro em quatro anos, em outubro, a população brasileira é convidada a escolher quem é o mais preparado para administrar municípios, estados e o país. Neste ano, a eleição é destinada aos cargos do Executivo e Legislativo municipal e, quando se trata de definir o que é melhor para a cidade, a preparação para as eleições tem que partir não apenas do candidato, mas também da sociedade.
Professor do programa de pós-graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Pará (UFPA), Gustavo Ribeiro destaca que, com base nas últimas minirreformas eleitorais, a população vivencia o período de pré-campanha, quando os candidatos podem se declarar pré-candidatos. Neste período, o que ocorre é o processo de organização dos partidos, que podem fazer encontros prévios até chegar o momento do lançamento das candidaturas.
Mesmo neste período, ele destaca que é possível se informar sobre o processo eleitoral. “O que se pode fazer, neste primeiro momento, é acompanhar essa movimentação inicial dos partidos, estar de olho nas ações das entidades partidárias em relação a condução dos processos”, diz.
“O eleitor precisa acompanhar o que os diretórios partidários estão fazendo na cidade, a montagem da lista dos candidatos, a organização das candidaturas… tudo no âmbito dos partidos”. Já no processo eleitoral em si, Gustavo destaca que é importante acompanhar as publicações do próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e dos tribunais eleitorais regionais.
“O TSE tem um sistema muito interessante de divulgação de informações, onde os candidatos são obrigados a prestar contas das suas campanhas, informar boletins de gastos em determinados momentos da candidatura e isso tudo é publicizado pelo TSE”, explica. “É bom que o eleitor tenha atenção ao que o TSE divulga em relação às candidaturas, desde informações básicas sobre os candidatos, até os demonstrativos de gastos de campanha”.
INFORMAÇÕES
Gustavo avalia que houve um avanço em relação à divulgação de informações eleitorais, tanto na divulgação jornalística, quanto na checagem de informações – o que se faz especialmente necessário em tempos de disseminação de fake news. De qualquer modo, o professor defende que a participação do eleitor no processo deve ir além da busca de informações em sites e publicações.
“Tirando as eleições majoritárias (para prefeito, no caso das eleições deste ano), geralmente o eleitor tende a esquecer para quem votou para eleições proporcionais (para vereadores) e isso é um dificultador”, destaca. “Várias informações facilitam, mas a forma mais fácil de acompanhar é participar da política e organizações. É preciso mais engajamento do eleitor na campanha em si”.
Participação da sociedade
Advogado eleitoralista, Edimar Gonçalves também avalia como fundamental a participação da sociedade no processo eleitoral para além do momento do voto. Para ele, o período que antecede a realização do pleito eleitoral é importante não só para os partidos, pré-candidatos e justiça eleitoral. “O eleitor, na condição de protagonista nas eleições deve igualmente se preparar para exercer um dos direitos mais importantes, contemplado em nosso ordenamento jurídico, qual seja o direito de escolher diretamente, através do voto, os nossos governantes”.
Para tal, o advogado destaca que essa preparação pode ser realizada a partir da busca de informações sobre aqueles que já se apresentam como pré-candidatos, além dos atuais ocupantes de cargos eletivos que pretendem concorrer à reeleição. “A realização de simples pesquisas com o nome do candidato nos sites de buscas possibilita ao eleitor um leque enorme de informações e dados relacionados ao pretenso candidato”.
Ainda que o processo de busca pela internet seja simples, Edimar alerta que é preciso atenção às fontes das informações. O ideal é que se priorize as disponibilizadas em sites de órgãos públicos oficiais e as páginas dos meios de comunicação profissionais. “Observo que a Justiça Eleitoral mantém em seu site e disponibiliza através de aplicativo uma ferramenta denominada “divulgacand” onde disponibiliza informações de todos os candidatos que concorreram nas últimas eleições em todo o país”.
No que se referem aos pré-candidatos que concorrerão pela primeira vez em um pleito, uma ferramenta importante destacada pelo advogado são as redes sociais. Edimar afirma que as redes possibilitam o conhecimento sobre o histórico do candidato, seu modo de tratar e agir perante a sociedade, a coerência entre seus discursos e sua postura nas redes sociais.
PLANOS
Planos de governo também são ferramentas para se informar sobre os candidatos. Edimar explica que a apresentação do documento é obrigatória no momento do pedido de registro de candidatura junto à justiça eleitoral, o que poderá ser realizado até as 19h do dia 15 de agosto deste ano.
“Os planos de governo são de acesso livre, estando disponibilizados no site da justiça eleitoral, na ferramenta ‘divulgacand’, para consulta de qualquer cidadão”, explica. “Mesmo após as eleições, os planos de governo ficam disponíveis no site da Justiça Eleitoral, o que possibilita o acompanhamento do eleitor quanto ao cumprimento das promessas de campanha registradas no plano”.
Fonte: Diário do Pará.