O que poderia parecer ter sido apenas um acordo de campanha, algo temporário, montado por conta de uma estratégia política-eleitoral, começa a criar base, raiz. Trato da relação entre o prefeito Darci Lermen (MDB) e seu vice, o empresário João Trintade (PDT). Diferentemente do que se acostumou a acompanhar em Parauapebas, a relação entre prefeito e seu vice faz tempo que não é tão próxima. Não se percebia sintonia, parceria entre ambos. Exemplos não faltam desse distanciamento pós-eleições.
Pois bem, o quarto mandato de Lermen à frente do Executivo municipal vem chamando atenção não só pela manutenção do ritmo de trabalho do período que antecedeu a disputa eleitoral, mas também pela relação entre ambos os citados. O mandatário municipal faz questão de incorporar o vice em sua agenda, que o acompanha em praticamente todos os eventos, desde uma reunião de trabalho, até em viagens. João já deixou claro que está ali para aprender. Sua história é elogiável, a de um empresário de sucesso que venceu na vida. Todavia, nunca esteve dentro da máquina pública. Lermen tornou-se o seu tutor na gestão de governo. Por qual motivo? Qual interesse em sustentar essa estreita relação? Essa resposta, talvez, seja respondida mais à frente. A relação com 2022? Ou com 2024?
Ser vice-prefeito em Parauapebas sempre foi sinônimo de isolamento. Acostumou-se após a posse, reduzir o primeiro na linha de sucessão municipal a uma sala, sem função definida dentro da estrutura administrativa. Não se pode exonerar, pois foi eleito, porém acostumou-se a tirar o vice do tabuleiro político e rifá-lo após quatro anos.
O ex-prefeito Valmir Mariano fez isso com Ângela Pereira, sua vice; Darci Lermen agiu da mesma forma com o seu vice, Sérgio Balduino. Na gestão passada por decisão de Lermen, Balduino assumiu diretamente a gestão do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Parauapebas (Saaep). A referida autarquia municipal reúne grande poder político. À época, o Blog tratou da questão em um artigo intitulado: “O voo de Ícaro” (Leia aqui).
Naquele momento, poderia se imaginar que o mandatário municipal estaria (indicando o seu vice ao Saaep) dando “corda ao enforcado”, pois o citada autarquia é de alto nível de complexidade gerencial, além, é claro, da histórica dificuldade em abastecer com água a cidade. Balduino “passou” no teste, porém, não teve habilidade suficiente para se promover politicamente no cargo, não se elegendo nem para vereador, em 2020.
Inegavelmente, Trindade é o vice que todo candidato ao maior cargo político de Parauapebas quer do lado. Não, por acaso, que foi vice, em 2016, do principal adversário de Lermen, e depois de quatro anos sendo deste. A sintonia entre prefeito e vice-prefeito é fina. Uma parceria admirável. Em política “não existe almoço de graça”. A ver.