Só ser filho de Parauapebas não basta

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Faltam pouco menos de 90 dias para as eleições. O adiamento por conta da pandemia, redefiniu o calendário eleitoral e as estratégias de quem busca se manter no poder e para os querem exercê-lo. Venho acompanhando nesse período de pré-campanha, os nomes que se lançam (ainda em caráter preliminar) ao pleito. Fica flagrante uma narrativa que tornou-se comum: ser filho de Parauapebas.

A ampla maioria dos candidatos (já conhecidos e os que estão se lançando pela primeira vez) vem se utilizando do termo: “sou filho de Parauapebas”, como forma de convencimento e de garantias de qualidades reunidas; só pelo fato de terem nascido aqui. Na prática isso não garante nada. Não se pode escolher ou depositar confiança em alguém que se resume como tal. Quem nasce aqui é mais qualificado e relação a quem hoje mora, mas não teve o seu registro de nascimento em Parauapebas?

O citado município já é classificado de porte médio, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E segundo o instituto citado, já passou dos 200 mil habitantes. Tem o devido reconhecimento nacional no âmbito econômico. Por outro lado, por seu processo de formação (seguindo, infelizmente, o exemplo de inúmeras outras municipalidades amazônicas) conflitante; carrega até hoje diversos problemas e inúmeras demandas. Portanto, já passou da hora de ter como agentes políticos, pessoas qualificadas, e isso independentemente se são “filhos” ou não de Parauapebas. Essa questão não pode ser critério de escolha, mas caso seja, deve ser um dos últimos a ser levado em consideração.

O que se acompanha na prática é, infelizmente, um grande volume de pré-candidatos em sua maioria, sem o mínimo de qualificação. E para a falta de preparo, emitem justificativas como, por exemplo, ser filho de Parauapebas. Se isso, por si só garantisse preparo, por exemplo, ao importante cargo de vereador, a ampla maioria dos nossos problemas seriam resolvidos. Bastaria votar em que nasceu aqui.

Temos hoje uma cidade rica, mas que requer qualificação para os que se lançam candidatos. Ser filho de Parauapebas é apenas uma informação que pode ajudar a garantir votos, mas não é garantidor de qualificação ou preparo e muito menos salvo-conduto de ética e moral. Se queremos melhores representantes políticos, devemos exigir de quem se coloca como representante, o mínimo de qualificação, de experiência. Pedir voto se balizando apenas como “candidato da terra” é muito simplismo, e que não resolverá quase nada.

A democracia como regime é o melhor que temos até hoje. Possibilita acesso a todos, mas tem seu custo. Exemplo é possibilitar – pelo regime democrático de acesso – que desqualificados possam exercer o poder e, consequentemente, piorar o cenário que estamos inseridos. Não existe regime perfeito. O que não se pode definir como único ou o mais importante critério de voto, optar por alguém que é “filho” de Parauapebas.

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