Sobrou a bolha

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Inquestionavelmente, percebe-se a cada nova medição que o eleitorado que apoia o presidente Jair Bolsonaro (PL) está em franco declínio. Se tem noção também que, por mais que diminuía a sua base de apoio, ela estacionará entre 20% a 25%, o que poderá garantir ao atual mandatário nacional, uma vaga no segundo turno, mas não a reeleição.

A mais nova pesquisa sobre a disputa presidencial foi divulgada nesta terça-feira (14). Produzida pelo Ipec, mostrou que o ex-presidente Lula (PT) ganharia no 1º turno se as eleições presidenciais fossem hoje. Nos dois cenários testados, o petista não precisaria de 2º turno para chegar ao Palácio do Planalto em 2022. Considerando apenas os votos válidos, Lula tem 56% das intenções de voto nos dois cenários. Levando em conta brancos, nulos e indecisos, o levantamento aponta que o petista está 27 pontos percentuais à frente de Bolsonaro.

O atual presidente varia de 21% a 22%, exatamente o que os especialistas apontam como sendo a sua “bolha”, a base de apoio, que dificilmente tende a cair. Seria o seu piso, o seu eleitorado mais “raiz”, fiel, que não abandona o seu “mito”. Todavia, esse quantitativo numeroso não é suficiente para vencer a eleição.

Dados da citada pesquisa, apontam: Lula (PT): 48%; Jair Bolsonaro (PL) : 21%; Sergio Moro (Podemos): 6%; Ciro Gomes (PDT): 5%; João Doria(PSDB): 2%. O resto variam de 0% a 1%. O levantamento do Ipec foi feito de 9 a 13 de dezembro e ouviu 2.002 pessoas em 144 municípios. A margem de erro é de 2 pontos para mais e para menos. O nível de confiança é de 95%.

Desde setembro do ano corrente que vem se estudando – via pesquisas – o processo migratório dos votos de Jair Bolsonaro. Em tese, se pensaria que os arrependidos ou ex-bolsonaristas, migrariam em peso para apoiar o ex-juiz Sérgio Moro, pela proximidade ideológica. Todavia, em levantamento feito em setembro pelo Datafolha, apontava que essa migração estava sendo canalizada para o ex-presidente Lula. Segundo a pesquisa, a confiança em Bolsonaro caiu entre seus próprios eleitores. 25% nunca confiam no que ele diz, 34% indicam que sempre confiam nas declarações do presidente e 40% às vezes confiam no discurso do ex-capitão.

A pesquisa citada neste artigo (IPEC) já apontou que o petista deverá herdar a maioria dos votos que em 2018 foram para Jair Bolsonaro, sendo seguido por Sérgio Moro. Portanto, Bolsonaro poderá chegar às vésperas da eleição contando apenas com a sua “bolha”, o que poderá lhe garantir a passagem para o segundo turno, mas encerraria a sua estada no Palácio do Planalto.

Os levantamentos feitos nos últimos dois meses apontam tendências: Lula estabilizou. Dificilmente vencerá a eleição em primeiro turno, algo que não é de nossa cultura política. Bolsonaro possivelmente chegou ao seu “piso”, ou seja, estacionará no patamar que irá variar de 21% a 23%. Há de se considerar certo crescimento a depender do desenvolvimento da economia. O vetor de crescimento mais cristalizado, pegando os indecisos é a terceira via, que tem como liderança – dentro das margens de erro – o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro, que hoje lidera o citado segmento.

De 2018 para cá, Jair Bolsonaro perdeu significativo apoio. Sobrou-lhe a sua bolha. É pouco para se manter na cadeira mais importante do país.

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