Se já não bastasse o conflito entre Rússia e Ucrânia para criar todo tipo de dificuldade econômica ao mundo, agora vivenciamos um outro conflito, este ainda sem confronto bélico direto, mas que já vinha ocorrendo no âmbito econômico. Falo de Estados Unidos e China, a primeira e a segunda economia do mundo, respectivamente.
Ambos já vinha se digladiando no que diz respeito ao controle da tecnologia 5G, descoberta pelos chineses, mas que os norte-americanos vinham tentando evitar a sua expansão. Pois bem, para além dessa questão, agora temos um novo capítulo da disputa entre Washington e Pequim: Taiwan.
Cabe aqui uma breve explicação sobre o país asiático, que tornou-se o centro da animosidade entre as duas maiores potencias econômicas da atualidade…
A tensão entre a China e Taiwan remonta 1949, quando os comunistas tomaram o poder em Pequim, e os nacionalistas de Chiang Kai-shek se refugiaram na ilha, que tem hoje 24 milhões de habitantes. A China considera Taiwan uma província rebelde e combate qualquer forma de reconhecimento do governo local, com o qual os EUA adota uma política de “ambiguidade estratégica”. Não reconhece como um país independente, mas mantém relações.
O desencadeamento da questão entre os dois países asiáticos e os Estados Unidos, ocorre por conta da visita da democrata e presidente da Câmara dos Representantes (o que seria a nossa Câmara dos Deputados), Nancy Pelosi à ilha, o que para o governo chinês é uma grande ofensa. Há 25 anos um representante do alto escalão da política norte-americana não pisava em Taiwan.
O leitor deve se perguntar a troco de que ou por qual motivo os Estados Unidos irão “tencionar a corda” com a China? Para responder a essa questão, deve-se olhar para dentro, ou seja, para o cenário político Ianque. Não é novidade que o atual nível de avaliação da gestão Biden é baixo, e tende a continuar a cair. Em novembro, ocorrerão eleições de meio de mandato nos Estados Unidos, ou seja, o eleitorado escolherá os representantes no Congresso, ainda controlado pelos Democratas (Senado e Câmara), mas essa vantagem número – hoje muito apertada nas duas Casas – tende a mudar. Os Republicanos devem ter maioria, o que deixará em “maus lençóis” o governo Biden.
Por isso, Pelosi está em excursão pela Ásia. A ida a Taiwan tem método. Quer mostrar ao eleitorado norte-americano que o governo não está alinhado com a China, e ainda por cima mostra seu poder ao “tocar em feridas” históricas do citado país asiático. Seria um ato de altivez do governo Biden.
Internamente, ou seja, dentro dos Estados Unidos, a atitude de Pelosi em visitar Taiwan, terá efeito eleitoral, ainda não se pode afirmar. Por outro lado, mexeu com o tabuleiro da geopolítica mundial. China já demostrou através de documentos o seu total descontentamento com a atitude norte-americana, que incluiu ensaios militares.
Novamente, os Estados Unidos na busca de resolver os seus problemas domésticos, cria instabilidade a nível mundial. Resta-nos aguardar cenas dos próximos capítulos.
Imagem: revista Exame.