Em mais um capítulo da série “#TBTdoBlog”, vamos relembrar um fato que causou o maior reboliço no início da campanha para a Prefeitura de Parauapebas, em 2020. À época, dois nomes concorriam com chances de vitória: o então prefeito Valmir Mariano, que disputava a reeleição; contra o ex-prefeito Darci Lermen, que havia se filiado ao MDB, para tentar retornar ao paço municipal pela terceira vez.
Correndo por fora aparecia Júlio César, do PRTB, que surfava na onda Bolsonarista que tomava conta das eleições municipais. A campanha já havia iniciado com os três nomes citados com possibilidade de vitória, todavia, o embate entre as gestões Lermen e Mariano dava o tom, todavia, um fato novo ameaçou mudar os rumos daquela disputa.
Vamos relembrar…
No dia 15 de outubro, Júlio César estava em uma camionete em companhia de mais três pessoas, cumprindo agenda de campanha na Vila Carimã, zona rural, distante 40 km do centro de Parauapebas. No retorno, a camionete em que os quatro estavam foi interceptada por outro veículo com – segundo a versão dada pelo candidato e as pessoas que o acompanhavam – três elementos, que atiraram em direção a eles. Júlio César teria sido atingido com um tiro no peito que atravessou o seu corpo, saindo pelas costas. O candidato foi atendido em um hospital particular e dois dias depois já estava liberado da unidade hospitalar. Em nenhum momento, segundo os profissionais que o atenderam, ele esteve sob risco de morte.
No dia seguinte ao ocorrido, devido algumas contradições narradas, crescia a percepção de que o caso poderia ter sido armado. A cúpula da Polícia Civil foi destacada da capital, assim com os melhores peritos para elucidar o caso. Três semanas de investigações produziram: reconstituição do fato, laudos e provas. Todo o material levantado foi verificado pelo Instituto de Perícia Criminal e pela Universidade Federal do Pará (UFPA), que produziram um laudo conclusivo que comprova cientificamente que versões e depoimentos narrados pelas testemunhas, não condizem com a realidade.
O laudo afirma que o veículo usado por Júlio César estava parado ou andando a, no máximo, nove quilômetros no momento dos disparos. Na bala retirada do candidato, foi encontrado um pó branco, que também foi avaliado pelos peritos. Eles coletaram material do para-brisa do veículo, da camisa usada pela vítima, de um barranco localizado perto do local dos disparos e de um gesso comercial comum. Conclusão: pó não é de nenhum desses materiais, inclusive do para-brisa por onde, em tese, a bala deveria ter trespassado. Com isso, supõe-se que Júlio César recebeu o tiro em outro local, para depois ser colocado dentro do veículo.
Portanto, o laudo é totalmente divergente do que foi dito, em depoimento, por Júlio César e pelos outros três integrantes do veículo. Com o laudo técnico-científico, será aberto inquérito policial e os quatro serão novamente ouvidos pela Polícia. Caso o inquérito confirme a farsa, o candidato poderá responder por denunciação caluniosa (falso testemunho) e o Estado ainda poderá requerer ressarcimento e indenização já que houve gasto de dinheiro público com a perícia, por exemplo, no deslocamento de servidores.
A mentira mostra que não vale tudo para ganhar uma eleição, muito menos forjar crime. Que os responsáveis por esse ato deplorável, sejam punidos e que os eleitores de Parauapebas mostrem na urna, no voto, que não aturam jogo sujo.
Imagem: fotomontagem