Última cartada em compasso de espera

Recentemente escrevi sobre a última cartada do presidente Jair Bolsonaro (PL) para tentar se reeleger. No dia 14 de julho, foi aprovada pelo Congresso Nacional, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), claramente de cunho  Eleitoral, que instituiu um estado de emergência até 31 de dezembro e autorizou o governo a gastar R$ 41,2 bilhões para conceder benefícios a menos de três meses das eleições.

A questão era logo colocá-la em prática, para que a mesma pudesse promover os esperados dividendos eleitorais. A questão é saber o que a PEC de bondades irá proporcionar ao atual mandatário, até aqui em seguindo nas pesquisas, com sério risco de ter a disputa encerrado ainda em primeiro turno.

Quem acompanha este veículo sabe que, raramente, trato de pesquisas eleitorais no âmbito presidencial. Me atenho aos levantamentos estaduais e municipais. Todavia, desta vez, irei tratar de uma pesquisa em específico, a feita pela Genial/Quaest e que foi tornada pública no último dia 03. Duas mil pessoas foram entrevistadas face a face entre os dias 28 e 31 de julho. O levantamento tem 95% de confiança. Ou seja, se 100 pesquisas fossem realizadas, ao menos 95 apresentariam os mesmos resultados dentro desta margem. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-02546/2022.

Pois bem, por que a escolhi? Primeiro, pelo seu nível de acerto. Basta pegar a sequencia histórica que os dados apresentados sempre ficam muito próximos da realidade ou dos resultados finais. E, pelo período de coleta de dados desta em questão, se pode começar a mensurar os efeitos políticos-eleitorais da PEC.

Entre as danças dos números, um fato é altamente relevante: queda no índice de rejeição do presidente Bolsonaro. Segundo a Pesquisa Genial/Quaest, o percentual da população que avalia negativamente a gestão federal caiu de 47%, em julho, para 43%, o menor índice desde julho de 2021, início da série histórica.

Entre os eleitores que recebem o Auxílio Brasil, a avaliação negativa do governo diminuiu para 39%, enquanto 28% destes julgam de forma positiva o governo. A diferença entre as duas avaliações, agora em 11%, era de 27 pontos percentuais em junho deste ano.

Esse é o ponto central. O aumento no valor do Auxílio Brasil, a queda no preço dos combustíveis estão surtindo o efeito desejado e esperado pelo Palácio do Planalto? Não há como negar que a diferença entre ambos diminuiu timidamente, mas para os bolsonaristas é o início da retomada de crescimento da popularidade do presidente e a garantia de segundo turno? Ou foi apenas um repique momentâneo? Ou o eleitorado que se beneficiou das “benesses” do governo até o último dia do ano corrente, percebeu que o ato se resume basicamente ao interesse eleitoral?

As próximas semanas serão decisivas para se saber se Bolsonaro iniciou uma curva de crescimento, o que o garante no segundo turno, ou a pesquisa Genial/Quaest registrou apenas um espasmo do impacto do anúncio das medidas? A ver.

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

#veja mais

Banco Central começou a fabricação do Real Digital

A criação de moedas digitais próprias de bancos centrais têm chamado a atenção da comunidade global dos BCs. Uma parte significativa deles está estudando, explorando

Exclusivo: gastos dos senadores paraenses em fevereiro de 2025

Em mais um levantamento exclusivo feito pelo Blog do Branco em relação às finanças públicas, tendo como base os números disponibilizados pelo Senado Federal, descobriu-se

O levante da Comunicação

Este blog foi um dos veículos de comunicação que mais produziu críticas ao atual governo Darci Lermen. Na área da comunicação, então, foram sucessivas abordagens.

O Brasil real em segundo plano

Estamos vivendo, sem dúvida, o mais baixo nível visto, talvez, desde o processo de redemocratização, em uma campanha presidencial. Chegamos hoje, 14, à metade do

Deputada tucana é escolhida como líder do governo na Alepa

Hoje (02) iniciou a sessão de abertura da 19ª Legislatura da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) para o biênio 2021-2022. O novo presidente, deputado Chicão

Retrocesso Eleitoral

Enquanto a pauta política brasileira se concentra nas narrativas golpistas que atentam contra o Estado de Direito e a Democracia, a Câmara dos Deputados aprovou