Fazia muito tempo que não escrevia nada no blog sobre a política internacional. Mais de dois anos sem postagens para além dos limites territoriais brasileiros. Confesso que no início deste blog até quando completou os seus primeiros dois anos de existência, a pauta internacional era farta, por grande influência do gosto da geopolítica mundial, excessivamente trabalhado nas disciplinas da faculdade de geografia. O tempo e os ensaios profissionais me “moldaram” mais “local”, “regional”. A especialização em geografia da Amazônia, quase sepultou as análises ao redor do mundo. Mas retorno com a temática global no blog com mais regularidade de agora em diante.
Vamos ao texto…
O que poderia ser uma candidatura sem expressão, mais um “azarão” que poderia sonhar com a Casa Branca, começou a mudar recentemente. O sistema político americano permite que diversas candidaturas sejam lançadas nos partidos políticos, neste caso, a bipolaridade entre republicanos e democratas, não permite que outras legendas consigam torna-se competitivas.
No sistema político-eleitoral estadunidense, os dois referidos principais partidos, realizam por meses as chamadas prévias. Sistema de escolha interna que decidirá por voto popular quem irá ser o candidato de cada legenda na disputa presidencial. Por isso, o processo eleitoral é dividido em duas partes, duas fases.
Pelo lado republicano, Donald Trump, leva vantagem e poderá vencer as prévias do partido sem maiores sustos. O bilionário apesar de ter ideias e posturas radicais, ultraconservadoras e até xenofóbicas, começa agradar a maioria dos eleitores republicanos, que culpam a “flexibilidade” em diversos setores, imposta por Barack Obama como o maior responsável pela recessão que o país vive e a perda do poder americano no cenário internacional.
Do lado Democrata, Hillary Clinton que parecia ser sem maiores sustos, a escolhida nas prévias, em semanas viu o seu favoritismo ruir, quando Sanders tornou público suas ideias e propostas. Hillary viveu o mesmo cenário em 2008, quando liderava e foi ultrapassada por Obama, que viria a ser o primeiro negro a governar os Estados Unidos. Os eleitores democratas parecem não depositar confiança na ex-secretária de Estado. Hillary poderá amargar mais uma derrota nas prévias de seu partido e novamente perdendo após sair como a favorita na disputa.
E se Sanders vencer as prévias e for o candidato democrata na disputa presidencial? Os americanos estão preparados para serem governados por um político mais à esquerda? A disputa que se aproxima, se a lógica se mantiver, será entre dois extremos: Trump (Republicano) extremamente conservador e Sanders (Democrata) mais liberal e com propostas que se aproxima mais das pretensões registradas de Karl Marx do que Adam Smith.
Inegavelmente, alguns anos de recessão econômica, concorrência com outros países, especialmente a China, tornaram a economia americana mais frágil e vulnerável às crises cíclicas do sistema capitalista. Esse cenário desfavorável economicamente quase quebrou o tão divulgado “Estado do Bem-Estar-Social” e elevou os índices de pobreza em solo americano, aumentando as desigualdades sociais no país mais rico do mundo.
Milhões de americanos não tem acesso aos sistemas de saúde e educação, haja vista, que a recessão econômica, fez a renda per capita do país despencar, assim como menor oferta de emprego. É neste cenário de incertezas e dificuldades que as ideias e propostas de Sanders avançam e conseguem ganhar apoiadores espalhados pelo território americano.
Pelo visto os Estados Unidos começam a sofrer em grau maior as armadilhas do capitalismo, sistema tão defendido e propagado em solo americano e que sustenta o sonho de milhões de estadunidenses e imigrantes das mais variadas partes do mundo que buscam o “American Way of Life” como forma de vida e organização social. Bernie Sanders, um socialista democrata, poderá ser o mais novo presidente americano, no meio do centro capitalista mundial. Resta saber se os americanos estão preparados para essa nova realidade?