Xeque mate é uma jogada do xadrez que representa o final da partida. Nesta situação, o rei não pode ser coberto por nenhuma outra peça nem se mover para nenhuma outra casa sem ser tomado por uma peça do adversário. O termo é constantemente usado em situações em que não há saída, ou um processo foi encerrado.
Ontem, 07, o Tribunal Regional Eleitoral do Estado de São Paulo (TRE-SP) acolheu, por 4 votos a 2, o recurso do PT contra a decisão que havia aprovado o pedido de transferência de domicílio eleitoral do ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro de Curitiba para a capital paulista. Com isso, a transferência do citado para São Paulo foi rejeitada, o que o impede, no momento, de concorrer a qualquer cargo pelo estado nas eleições deste ano. O nome do ex-juiz, filiado ao União Brasil, era cogitado como possível candidato ao Senado Federal pelo estado mais rico do Brasil. Ainda cabe recurso ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O caso de Moro e de sua esposa é tão absurda pelas justificativas apresentadas, após o Ministério Público Eleitoral (MPE) investigou o casal por crime eleitoral. Ambos, como forma de justificar as suas transferências eleitorais do Paraná para São Paulo, apresentaram, pasmem, contrato de locação de um imóvel, firmado no dia 28 de março, um dia antes de Rosângela Moro e dois dias antes de Sérgio, mudarem seus respectivos domicílios eleitorais e, pasmem novamente: vínculo “afetivo” com a capital paulista. Vale ressaltar que o ex-juiz indicou à época residir em um hotel na referida capital.
Lógico que tais justificativas não foram aceitas pelo MPE, que no dia 17 de maio, solicitou à Polícia Federal que investigasse se o casal havia cometido crime eleitoral. Pois bem, ontem o TRE-SP impediu que o ex-ministro possa concorrer a qualquer cargo nas eleições de 2022 pelo estado de São Paulo. A decisão é um duro golpe político nas pretensões de Moro. Como dito, ele deverá recorrer ao TSE, mas a decisão dificilmente será revertida em Brasília.
Portanto, Sérgio Moro já analisa o que fazer? Ele está proibido de concorrer por São Paulo, mas poderá lançar candidatura, por exemplo, pelo Paraná. A questão é que, se pretender ainda concorrer ao Senado, terá embate contra um ex-aliado, o senador Álvaro Dias, do Podemos, ex-partido de Moro, que o trocou pelo União Brasil. Em jogo está apenas uma cadeira. Já para a Câmara dos Deputados, que seria a “tábua de salvação” do ex-juiz, são 30 vagas que o estado paranaense tem direito (bem abaixo das 70 cadeiras que formam a bancada paulista no parlamento federal).
Moro desde quando deixou o juízo e ingressou na política só coleciona derrotas. Saiu do Ministério da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro; não conseguiu ser ministro do Supremo Tribunal Federal; não conseguiu viabilizar a sua candidatura presidencial; foi desautorizado (após ficar claro a sua manobra de transferência de domicílio eleitoral), lhe respeitando um duro embate pela única vaga ao Senado por seu estado que fez questão de trocar por São Paulo, ou, a sua “boia de segurança”, concorrer ao cargo de deputado federal.
Como se diz um ditado em Brasília: “o mais bobo, o mais ingênuo no Congresso, troca as meias sem tirar os sapatos”. Política, de fato, não é para amadores, e Sérgio Moro descobriu isso da pior forma possível. Em quatro anos, Moro saiu de status de heroí nacional para ser até aqui um sem-teto eleitoral, como bem disse Bernardo Mello Franco em sua coluna diária na rádio CBN.
O caso do ex-juiz Sérgio Moro precisa ser estudado como um case negativo na política. Serve de lição aos outsides que virão.
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