No dia 07 de janeiro de 2021, o Blog do Branco ao abordar a invasão ao Capitólio, nos Estados Unidos, por apoiadores do então derrotado Donald Trump, que não aceitavam a posse do vencedor daquelas eleições presidenciais, o democrata Joe Biden, provocaram um verdadeiro quebra-quebra, colocando em risco centenas de vidas que estavam naquele recinto congressista. O motivo de reviver essa triste passagem da recente história americana é relacionar com o ocorrido no Brasil, há exato um ano. O Blog do Branco avisou em dois artigos que a relação entre trumpistas (apoiadores de Trump) e bolsonaristas era de certo modo muito próxima, e que os métodos (em especial os que atacam o regime democrático e as instituições) poderiam ser replicadas.
Mesmo com a derrocada da intenção de destituir o regime democrático americano, o mais antigo do mundo, com mecanismos de freios e contrapesos, a ofensiva antidemocrática poderia ocorrer no Brasil, caso Jair Bolsonaro não se reelegesse. Algumas ações isoladas, como quebra-quebra em algumas ruas de Brasília e a tentativa de invasão ao prédio da Polícia Federal, eram o anúncio do que poderia ocorrer mais à frente. Os golpistas marcaram uma grande manifestação para o dia 08 de janeiro. O aparato de segurança pública, este sob responsabilidade do governo do Distrito Federal fez, claramente, vista grossa, o que facilitou e muito a tomada pelos vândalos da Praça dos Três Poderes.
Sem uma contenção que pudesse frear qualquer ímpeto baderneiro, as sedes dos três Poderes foram atacadas, em especial o da Suprema Corte. O objetivo era tomar o poder via golpe, com o apoio das Forças Armadas, o que não aconteceu. O plano de derrubar a democracia não se efetivou, mas ainda permanece aceso, à espreita, aguardando mais uma oportunidade de ser organizado. Foram quatro anos de ações que visavam desestabilizar as instituições, desacreditá-las, em um movimento endógeno, assim como relatado no livro “Como as Democracias Morrem”, dos autores Steven Levitsky e Daniel Ziblatt – dois conceituados professores de Harvard.
A data de hoje ficará marcada como um dia de resistência pela democracia em nosso país. Diversos atos acontecerão no decorrer do dia. O presidente Lula convocou seus auxiliares diretos para um evento em defesa do regime democrático, com a participação de diversas autoridades de outros Poderes. O “8 de janeiro” precisa ser lembrado e servir como data de resistência a qualquer movimento antidemocrático que possa vir a ser promovido.
O primeiro ano da tentativa de golpe vai ser marcado por cerimônias em defesa da democracia em Brasília. Os atos vão começar no STF às 14h, com a abertura de uma exposição das peças do tribunal danificadas pelos golpistas. Uma hora depois, uma sessão solene no Congresso vai reunir os Três Poderes, com a discursos dos presidentes da República, Luiz Inácio Lula da Silva; do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); e do STF, Luiz Roberto Barroso, e a presença de autoridades como ministros e dos comandantes militares.
Convidados, oito governadores de partidos de oposição já avisaram que não comparecerão, incluindo o de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Cláudio Castro (PL), do Rio, e Romeu Zema (Novo), de Minas, também identificados com o bolsonarismo, não responderam. Já Eduardo Leite (PSDB) foi o único governador da Região Sul a confirmar a presença, segundo o Poder 360.
Embora a ausência dos governadores de direita aos eventos de Brasília ressalte a divisão no país, o repúdio à tentativa de golpe segue generalizado, aponta pesquisa divulgada ontem pela Genial/Quaest. De acordo com os dados, 89% dos entrevistados condenam os ataques de 8 de janeiro. Mas isso representa um recuo em relação aos 94% registrados em fevereiro do ano passado. Mesmo entre os eleitores de Jair Bolsonaro (PL), a desaprovação chega a 85%.
Nos bastidores, os militares temem que o ato de hoje em Brasília reacenda críticas à politização da caserna durante o governo Bolsonaro. Os comandantes das três Armas pensaram em não comparecer, deixando o ministro da Defesa, José Múcio, representá-los.
Imagem: Agência Brasil (EBC).