O PSDB nasceu como uma alternativa política diferente do então PMDB (hoje MDB), em 1988, depois do país ter retornado ao regime democrático, com o fim da ditadura militar, três anos antes. Um grupo insatisfeito com as decisões e estratégias tomadas pelo PMDB, resolveu deixar a legenda e organizar um novo grupo político, liderado por agentes políticos paulistas e mineiros que logo se expandiu para outros entes federativos. Dessa forma, o recém fundado PSDB nascia com grande ramificação no território nacional.
Em sua essência ideológica, o PSDB teve influência da então Social Democracia europeia, sendo assim, de centro-esquerda. Todavia, ao chegar ao poder após vencer as eleições presidenciais, em 1994, o partido alçou ao poder o um dos seus mais importantes integrantes, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso. Não demorou para que o partido (já governando a máquina federal) logo fosse taxado de centro-direita, haja vista, que promoveu diversas medidas de redução do tamanho do Estado, através de uma ampla política de privatizações, praticando, portanto, uma das bases do neoliberalismo que chegava à América Latina, em meados dos anos 90.
Em 1998, a reeleição de FHC ocorreu sem susto. A estabilidade econômica e a moeda forte (os primeiros sinais da crise econômica do ano seguinte, 1999, já estavam claros, porém, na eleição a crise foi atenuada artificialmente por medidas governamentais, e que mais à frente – após o período eleitoral – viria a desestruturar as bases da política econômica e as conquistas do Plano Real) que se mostraria fraca perante o cenário econômico conturbado a nível mundial. Os anos seguintes até a próxima disputa presidencial foram complicados. Resultado foi a derrota nas urnas e a chegada do PT ao governo central, em 2002. De lá para cá, o PSDB nunca mais ganhou uma eleição presidencial. Em 2016, após o processo de impeachment, o partido integrou a base do governo Temer, assumindo quatro ministérios.
O objetivo era claro: sustentar o MDB no poder até o fim do mandato, depois ter o apoio deste para disputar à Presidência da República, em 2018. Os tucanos só não contariam com o aumento exponencial da impopularidade do governo do presidente Michel Temer; além da impopularidade, a perda de apoio do próprio partido perante a sociedade. As acusações contra o senador Aécio Neves foram pesadas demais. Provocaram uma repulsa coletiva da sociedade a legenda; fazendo o PSDB, por exemplo, deixar de ser um anti-PT (uma das principais bases de sustentação político-eleitoral do partido). Concomitantemente a isso, o processo de crescimento de Jair Bolsonaro “espremeu” e condicionou os tucanos a um menor nicho eleitoral. O resultado pode-se comprovar na prática, com os números das pesquisas na atual disputa presidencial.
Em 1994, em sua primeira disputa presidencial, os tucanos venceram em primeiro turno, assim como fizeram novamente em 1998. Desde 2002 até o último pleito (2014), o PSDB perdeu para o PT, porém, sempre levou a disputa para o segundo turno. Na eleição presidencial passada, o candidato do partido, Aécio Neves, quase venceu a candidata Dilma Rousseff (PT), a diferença ficou em pouco mais de três milhões de votos, favoráveis a petista. A “pedra de cal” foi a entrevista recente concedida pelos senador tucano Tasso Jereissati, assunto abordado pelo blog recentemente (Leia Aqui).
Na atual disputa, o partido está em quarto lugar, com 10% dos votos, segundo pesquisas eleitorais. O candidato da legenda, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, não emplacou nem perante aos simpatizantes do partido. O PSDB caminha para a sua maior derrota eleitoral desde a sua fundação. Direcionamentos e decisões errôneas, além do puro revanchismo levaram o partido para essa atual situação. Só resta, pelo visto, ao PSDB assistir de camarote a eleição que será decidida entre o seu adversário histórico e um novo agente político, que desbancou os tucanos. No ninho tucano restará juntar os cacos e recomeçar.