Em 2006, o PSDB lançava o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin para disputar a Presidência da República contra o ex-presidente Lula, que naquele momento concorria à reeleição. Na era pós-FHC e morte de Mário Covas, em 2001; o ninho tucano tinha como principais expoentes o ex-ministro José Serra (que havia disputado a eleição presidencial em 2002, perdendo para Lula que chegava ao poder) e Geraldo Alckmin, político do interior paulista, de Pindamonhangaba, que fez rápida carreira na política de São Paulo.
Na eleição de 2006, Alckmin conseguiu no 1º turno 39,9 milhões (41%) de votos válidos. No 2º turno, reduziu para 37,5 milhões (39,1%). O PSDB apostava que retornaria ao Palácio do Planalto, depois da derrota de 2002, ainda mais porque o PT estava bastante desgastado com as denúncias do chamado (em mais um neologismo criado pela mídia) “mensalão”. Quatro anos depois, em 2010, José Serra voltaria a disputar a eleição presidencial, agora contra a escolhida de Lula, a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Em 2014, a dinastia paulista que controlava o PSDB desde a sua fundação (maioria dos ícones mais importantes de naturalidade do estado mais rico da federação), viu um mineiro assumir a legenda e disputar o Palácio do Planalto, o então senador Aécio Neves.
Neste intervalo, Alckmin retornou aos seus domínios. Concorreu e venceu pela segunda vez a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, em 2010, sendo reeleito, em 2014. Com Aécio Neves fora da disputa presidencial (em plena decadência política, isolado e podendo concorrer a uma das vagas a Câmara Federal para não perder o foro privilegiado), Alckmin assumiu o controle nacional do PSDB, e de quebra, se lançou – sem resistência interna – à disputa presidencial.
O tucano até o início da segunda quinzena do mês corrente estava sofrendo forte pressão. Não atingia em nenhuma pesquisa a casa dos dois dígitos, figurando sempre em quarto (sem a citação do nome de Lula entre os concorrentes); em quinto (quando o petista aparecia como opção). Havia correntes internas dentro do ninho tucano que cobravam um debate sobre a incomoda situação, com a possibilidade de substituição por outro nome (neste caso, o nome do ex-prefeito de São Paulo, e atual concorrente ao Governo de São Paulo pelo PSDB, João Dória era o favorito).
Geraldo afirmava que a sua situação (reconhecidamente por ele como desconfortante) era algo temporário. O início da campanha e com a política de aliança que estava sendo construída o colocaria em outro patamar. No plano teórico, de pré-campanha, dentro do prazo de fechamento de candidaturas e coligações, não há dúvida que o tucano larga em vantagem em relação aos seus concorrentes. No último da 26, o chamado “blocão” (mais comumente referenciado como “centrão”, que por uma questão de posicionamento e atuação política, abandonei o uso habitual do termo), a reunião de diversas legendas: PP, PR, PRB, DEM e Solidariedade; que fecharam apoio ao candidato tucano. O acordo dará a Alckmin até o momento 5 minutos e 33 segundos de tempo de TV (1/3 do tempo total diário do horário e inserções gratuitas).
A questão é: essa exposição toda conseguirá elevar os números do tucano nas pesquisas quando a campanha estiver na TV? O histórico de disputa eleitorais diz que sim. Outro ponto: o apoio do “blocão” custará quanto a imagem de Alckmin? Os partidos que compõe o referido bloco estão com os seus principais “figurões” arrolados em denúncias de corrupção (como o próprio Alckmin já esta, sendo investigado pelo Ministério Público nos casos do metrô e da merenda escolar). Portanto, o discurso ético será esquizofrênico na campanha do tucano e facilmente rebatida, por exemplo, em um debate televisivo.
Em minhas análises sobre a corrida presidencial, sustento a tese que um nome do campo esquerdista estará no segundo turno. Do outro lado, disputam Jair Bolsonaro (estagnado, sem margem de crescimento e em isolamento político-eleitoral) e Geraldo Alckmin. Portanto, o ex-governador de São Paulo terá que disputar votos com o deputado federal, pois o nicho eleitoral de ambos é próximo, quando não similar.
Venho afirmando desde o ano passado que, o maior adversário do PSDB (à época o partido ainda não sinalizava quem seria o seu candidato) seria Jair Bolsonaro. Esse embate é que estaria posto do lado centro-direita a uma das duas vagas no segundo turno da disputa presidencial. Neste momento, as circunstâncias políticas são favoráveis a Alckmin e desfavoráveis a Bolsonaro. Mas como política não é uma ciência exata e tem o fator da imprevisibilidade como um ponto fundamental a ser considerado; portanto ainda é cedo para conclusões. Mas cabe a pergunta: “Será a vez de Alckmin?”