Alto custo do negacionismo

Enfim, depois de um longo período de atraso, ontem, 17, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, liberou o uso de forma emergencial de duas vacinas no Brasil: Coronavac (Sinovac/Instituto Butantan) e Oxford/AstraZeneca (Fiocruz), que somam oito milhões de doses importadas. Apenas seis milhões (Coronavac) estão em solo brasileiro.

Logo após o anúncio da liberação dos imunizantes em questão, a primeira dose de vacina contra a Covid-19, foi aplicada no Brasil. A enfermeira voluntária Mônica Calazans, que compõe o grupo de risco, tomou a primeira dose da vacina produzida pela Sinovac em parceria com o Butantan. Há, sem dúvida, um longo caminho a ser percorrido em relação à imunização dos brasileiros. De partida, temos oito milhões de doses, que deverão imunizar quatro milhões de brasileiros espalhados pelo país, sem falar na proporcionalidade da questão populacional entre os estados. Portanto, por melhor que seja o nosso histórico em campanhas de vacinação, levará meses (na melhor da hipótese) para que possamos imunizar toda a população brasileira.

Segundo dados divulgados pelo consórcio de veículos de imprensa sobre a situação pandemia de coronavírus no Brasil a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde, consolidados às 13h deste domingo (17), já somam, infelizmente, 209.350 mortes por Covid-19 desde o começo da pandemia, sendo 1.059 nas últimas 24 horas. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 956. A variação foi de +37% em comparação à média de 14 dias atrás, indicando tendência de crescimento nos óbitos pela doença.

A questão é: quantas vidas poderiam terem sido salvas, se a postura do presidente Jair Bolsonaro fosse outra? Se o negacionismo não fosse imperativo? Se a Ciência fosse valorizada? Se as recomendações tivessem sido seguidas? Se o governo tivesse, de fato, se empenhado em trabalhar (seguindo o mundo) em defesa da vida?

O que se viu na prática foi o presidente mandar suspender o protocolo de intenções para a compra da vacina; depois disse que não a compraria; propagou falsas notícias sobre os efeitos colaterais da mesma, além de fazer pouco caso da eficácia. Como já dito recentemente neste Blog, a pressão em relação ao impeachment de Bolsonaro vem crescendo, impulsionado pelos fatos ocorridos nos últimos dias, em Manaus.

O sucesso da vacina poderá ser o insucesso político de Bolsonaro, e ele sabe disso. Quase 24 horas após a liberação de uso emergencial da Anvisa, o mandatário da nação está em silêncio, não fez menção ao início da vacinação. Talvez seja o único presidente ao redor do mundo que não comemora a vacina. Pelo contrário, continua a desprezar qualquer uso de imunizante; para ele a Cloroquina é mais eficaz, mesmo isso sendo uma grande falácia. Tal postura em manter a defesa de uso do medicamento, já deveria ter rendido ao mandatário um processo de impeachment por crime de responsabilidade ao atentar contra saúde pública.

De toda forma, enfim, a vacinação irá começar em território nacional. Viva a Ciência e não ao negacionismo.

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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