Ananindeua: falta de pagamento, protestos e CPI criam um caos na saúde

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O Hospital de Clínicas de Ananindeua surpreendeu os pacientes na segunda-feira, 6, ao amanhecer de portas fechadas devido à suspensão dos atendimentos. A instituição alegou que a medida foi tomada devido à falta de pagamento da prefeitura de Ananindeua. Localizado na rua 2 de junho, no bairro de Águas Brancas, a unidade de saúde foi fundada em 2000, com o propósito de oferecer internamentos e atendimentos ambulatoriais. A faixa colocada em frente ao local comunicou a suspensão dos serviços, pegando os pacientes de surpresa.

Na manhã da última terça-feira (7), um protesto em frente à prefeitura Municipal de Ananindeua, nos dois pontos da rodovia BR-316, interditou a via nos dois sentidos.

O Hospital de Clínicas de Ananindeua, conforme apresentado em seu site, se destaca como o principal serviço de Assistência Médica ao SUS do município, oferecendo diversas especialidades médicas, incluindo Centro-cirúrgicos, Unidades de Terapia Intensiva, Leitos Particulares e de Enfermaria, Usina de Oxigênio e um Centro de Cardiologia Completo. Diante da situação de falta de pagamento por parte da prefeitura de Ananindeua, três vereadores da Câmara Municipal usaram seu tempo de tribuna na sessão ordinária de segunda-feira, 6, para criticar o ocorrido e sugerir a criação de uma CPI para investigar essa questão.

Falta de pagamento

Em matéria exclusiva feita pelo jornal Diário do Pará, diversos hospitais estão sem receber da prefeitura de Ananindeua, segundo consulta ao Portal de Transparência do citado ente federado. O primeiro caso diz respeito ao Hospital Anita Gerosa, que tem a receber da gestão municipal cerca de R$ 3,5 milhões, montante que corresponde aos meses de janeiro a junho e de outubro a dezembro de 2023 e, de janeiro a março de 2024. Se o débito não for quitado, o risco é eminente de suspensão no atendimento.

Outra unidade hospitalar que a prefeitura de Ananindeua deve é o Camilo Salgado. Neste caso, a questão é mais complexa. Um processo que tramita na Justiça Estadual revela que o terreno, o prédio e todos os equipamentos do hospital foram desapropriados, em 2021, pelo prefeito Daniel Santos, com a promessa de inaugurar no local o primeiro hospital público da cidade. Pelo acordo/contrato, eles receberiam R$ 14 milhões de indenização, devido à desapropriação. As parcelas do pagamento deveriam ser quitadas mensalmente, em 2022, o que não aconteceu. Ocorre que até hoje a prefeitura ainda estaria devendo mais de R$ 4 milhões aos proprietários.

Prestação de contas

E os problemas que envolvem falta de pagamentos e transparência não param por ai. Em mais uma matéria do Diário do Pará, o Ministério da Saúde repassou cerca de R$ 20 milhões à gestão de Daniel Santos para custear leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e de Retaguarda de Urgência e Emergência (RUE) do Hospital Camilo Salgado, nos anos de 2021 e 2022, mas que não se sabe como foram investidos ou em qual local estão. Dados que estão sendo levantados apontam que as transferências aconteceram também no ano passado, o que poderá fazer o valor total do repasse chegar a R$ 30 milhões. O que chama atenção é que a citada unidade hospitalar não presta serviços ao Sistema Único de Saúde desde 2021, mesmo assim foi mantido credenciado para receber repasses.

Com informações de Diário do Pará (adaptado e acrescentado pelo Blog do Branco)

Imagem: Ivan Duarte

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