O Capitólio, símbolo da democracia americana foi invadido por extremistas que provocaram a interrupção da sessão que reconheceria o resultado da última eleição presidencial, esta que decretou o retorno dos Democratas à Casa Branca, depois de Joe Biden ter vencido a disputa.
O fato foi a culminância de quatro anos de postura negacionista e ataque às instituições promovido pelo presidente Donald Trump. Esse modus operandi do republicano foi alimentando gradativamente uma legião de pessoas que passaram a seguir suas ideias. Hoje, segundo especialistas, criou-se dentro do partido Republicano um ala extremista batizada de “Trumpismo”, que não segue as determinações da legenda, e está em franco processo de ampliação de seus adeptos.
Descendo a Linha do Equador, o que ocorrendo nos Estados Unidos, poderá ocorrer aqui, no Brasil? Se levarmos em consideração a postura do presidente Jair Bolsonaro (até por seguir claramente o perfil de Trump) está evidente, infelizmente, que sim. Assim como Trump, Bolsonaro segue a sua estratégia de “corroer” as instituições e colocar a todo momento em xeque a segurança de nosso sistema eleitoral. Está evidente que, em caso de derrota, em 2022, o presidente brasileiro não aceitará o resultado, que ele já acusa de fraude em sua eleição (mesmo vencendo a disputa).
Não há dúvidas que os bolsonaristas irão ocupar os Poderes, em Brasília, caso Bolsonaro perca. O risco evidente que possamos reviver o que vimos em solo americano, semana passada. A questão é: o que está sendo feito ou ainda será feito para evitar isso? No caso de lá, os invasores que foram identificados, estão sendo presos e responderão criminalmente por seus atos. Sob o ponto de vista político, Donald Trump acusado de ter apoiado os atos extremos, já no dia seguinte estava sob risco de ter seu mandato encerrado – via 25 emenda – que se solicitada pelo vice-presidente, destitui imediatamente o mandatário nacional do cargo.
Trump se vê por volta de seu segundo impeachment, isso a poucos dias de deixar a Presidência. Acompanha seus auxiliares mais próximos pedirem demissão, seu partido querendo sua saída. Qual efeito terá um impedimento (mesmo não passando por comissões e tramitando em caráter de urgência como está fazendo a democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara de Representantes) faltando oito dias para o fim do mandato?
Tal medida legislativa tem como base dar uma resposta aos que ousarem minar a democracia americana, além de reparar um erro que foi a eleição de Trump. Os Democratas querem (com certo apoio Republicano) cassar os direitos políticos do atual presidente, para o manter o mais longe possível da política.
Em resumo, Day After da invasão ao Capitólio diz muito sobre como agir para evitar danos maiores. Não se protege o Estado democrático de direito com notas de repúdio, como se habituou fazer aqui. Se combate atitudes extremas com a imposição da Lei. Caso contrário, sem preparem para um 2022 no Brasil, em especial Brasília, com cenas muito piores do que o mundo viu em Washington.