Asfixia econômica

Ontem, 22, o Banco Central (BC) através do seu Comitê de Política Monetária (Copom) se reuniu pela segunda vez no governo Lula, e manteve a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano. No mês passado, esperava-se que tivesse ocorrido queda no índice, mas foi mantido inalterado, o que foi confirmado agora novamente. Em fevereiro, o presidente Lula (PT), assim como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mostraram, claramente, a insatisfação pública sobre a decisão do BC.

O presidente da citada instituição, Roberto Campos, que tem mandato até setembro deste ano, é um remanescente do governo Bolsonaro. Não se pode esquecer que o Banco Central é independente, ou seja, suas decisões são livres e não precisam passar pela autorização do governo federal. A decisão do Copom em manter a Selic foi vista por muitos economistas como um “excesso de zelo dentro de sua política”. Essa avaliação é sustentada pelo fato de que os relatórios trimestrais do BC já indicam claramente não haver inflação de demanda no Brasil (muito dinheiro “correndo atrás” de poucos bens) para justificar a manutenção de juros tão elevados.

Em entrevista à Carta Capital, o economista André Roncaglia, professor da Unifesp e doutor em Economia do Desenvolvimento pela FEA-USP, usou o termo “asfixia econômica” para demonstrar o que está acontecendo no Brasil com juros básicos tão elevados. Segundo o mesmo, a projeção de queda da taxa só poderá ocorrer em meados de novembro, lembrando que o mandato de Campos se encerrará em setembro deste ano.

Em seu comunicado, o Copom afirmou: O texto diz que o Copom “segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação”. Afirma, ainda, que “irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas” e que “os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado“.

A justificativa de alguns economistas mais conservadores, e que defendem a decisão do Copom em manter a Selic no mesmo patamar de antes, se dá por conta da indefinição do novo arcabouço fiscal (termo atualmente muito usado), ainda sem uma apresentação final por parte do governo; a inflação, que ainda roda acima da meta e a instabilidade do mercado internacional.

O que se espera nas próximas horas é que o presidente Lula e sua equipe econômica critique fortemente o Banco Central, em especial o seu presidente, Roberto Campos, acusado de “jogar contra” o governo. A queda de braço dialético entre o Palácio do Planalto e o Banco Central continuará.

Imagem: Invest News. 

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

#veja mais

CFFO aprova LDO com 10 emendas acatadas

A terça-feira (18), após a Sessão Ordinária no plenário Newton Miranda, foi marcada pelas reuniões das comissões permanentes da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa). A

Tarifaço de Trump: taxas de 50% contra o Brasil entram em vigor nesta quarta-feira (06)

Entram em vigor nesta quarta-feira (6) as tarifas de importação de 50% impostas pelos EUAsobre produtos brasileiros. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou

Um mês do governo “Presente”

Na última sexta-feira (31), completou um mês do governo de Helder Barbalho, que usa desde a campanha o jargão o termo “Presente”. Passados 30 dias,

O dilema de Daniel Santos: a pretensão. Os acordos. O racha na Direita. O fisiologismo partidário. A falta de confiança.

O extenso titulo deste título sintetiza um cenário que envolve o atual prefeito e pretensioso candidato ao governo do Pará, Daniel Santos. Primeiro ponto: a

Eleições 2024: Rafael Ribeiro reforça compromisso com as mulheres empreendedoras de Parauapebas

Nesta terça-feira, 17, foi dia de Rafael Ribeiro falar de suas propostas com as mulheres empreendedoras de Parauapebas, em um encontro que aconteceu no espaço

Mark Carney vence disputa partidária e se tornará próximo premiê do Canadá

Mark Carney foi eleito líder do Partido Liberal do Canadá em uma disputa que se arrastou por meses para substituir Justin Trudeau. Agora, ele deverá