Bagagem pesada

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O presidente Jair Bolsonaro (PL), que desembarcou ontem, 09, em Los Angeles, para participar da nona Cúpula das Américas, além de carregar sem sua mala seus objetos pessoais, desembarcou em solo americano com uma “bagagem pesada”. Nela consta: aumento do desmatamento e queimadas nos biomas brasileiros, em especial na Amazônia, garimpo ilegal em terras indígenas, desaparecimento de jornalista e de indigenista (até a publicação deste artigo não haviam sido encontrados).

A conversa de Bolsonaro com o presidente norte-americano Joe Biden, tem como finalidade reconstruir “pontes”, entre os dois países, assunto que tratei recentemente aqui. Mas ela acontece em um momento em que o governo brasileiro tem muito o que explicar sobre o meio ambiente ao mundo. Todavia, dificilmente Bolsonaro será cobrado. O encontro não tem essa finalidade de afastar os dois chefes de Estado, e sim, aproximá-los. Foi noticiado pelas grande imprensa que os governantes se comprometeram a manter sua colaboração comercial, “inclusive por meio do apoio dos EUA à candidatura do Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), disse o governo norte-americano.

Um ponto sensível no processo dialético entre os dois presidentes diz respeito ao território amazônico. Não houve cobranças por parte de Biden, e sim um anúncio de ajuda financeira e parceria entre os dois países no que diz respeito à preservação da floresta.

Ambas as diplomacias emitiram notas sobre o encontro: Comunicado Casa Branca:

O presidente Joseph R. Biden Jr. e o presidente Jair Messias Bolsonaro se reuniram hoje (09) para reafirmar a importância estratégica da relação entre os Estados Unidos e o Brasil – duas das maiores democracias do mundo. Em um momento em que o mundo enfrenta uma cascata de crises, desde a guerra da Rússia na Ucrânia até o aquecimento global e a recuperação da pandemia, a parceria entre os Estados Unidos e o Brasil é vital para os esforços internacionais para enfrentar a crise climática e garantir a paz.

Os líderes se comprometeram a continuar sua colaboração contínua em assuntos comerciais, inclusive por meio do apoio dos EUA à candidatura do Brasil à OCDE. O presidente Biden e o presidente Bolsonaro também discutiram como os países devem trabalhar juntos para facilitar o desenvolvimento sustentável na maior bacia amazônica para reduzir drasticamente o desmatamento.

Comunicado Itamaraty:

O Presidente da República Federativa do Brasil, Jair Bolsonaro, reuniu-se com o Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, em Los Angeles, em 09 de junho de 2022. Na ocasião, o Presidente Bolsonaro agradeceu o convite do mandatário norte-americano para a IX Cúpula das Américas e para o encontro bilateral, que propiciou ampla troca de opiniões sobre temas da agenda bilateral, regional e internacional.

Brasil e Estados Unidos mantêm quase dois séculos de relações diplomáticas, relacionamento baseado em princípios e valores compartilhados, como a democracia, o estado de direito, a liberdade econômica e os direitos humanos. As relações bilaterais passam por estágio positivo, havendo amplas possibilidades de aprofundar a cooperação em temas como energia, defesa, espaço, ciência e tecnologia e comércio e investimentos, com ênfase numa maior integração de cadeias de suprimentos em setores chaves para as duas economias.

O Presidente Bolsonaro expressou o desejo brasileiro de seguir trabalhando com os Estados Unidos em prol dos valores democráticos no hemisfério, em linha com os compromissos assumidos no âmbito regional.

Os dois líderes enfatizaram o papel da cooperação entre o Brasil e os Estados Unidos na busca de soluções para desafios como a segurança alimentar, a transição energética e o desenvolvimento sustentável. Ressaltaram, também, a importante cooperação bilateral no enfrentamento da pandemia de Covid-19 e a determinação de contribuir de forma conjunta para o fortalecimento da capacidade de toda a região na área de saúde. Ressaltaram ainda os esforços conjuntos na área humanitária, em especial no acolhimento de refugiados.

Durante a reunião, os Presidentes Bolsonaro e Biden trataram da importância de manter diálogo reforçado entre os dois países em foros internacionais como a OEA, a OMC, a OCDE e o Conselho de Segurança das Nações Unidas, cuja presidência caberá ao Brasil no próximo mês de julho.

De fato, a “bagagem” do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos é pesada. Contudo, seu peso foi desconsiderado por Joe Biden, que optou pela aproximação do que pelo distanciamento.

Imagem: BBC.

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