Bancos da B3 fecharam mais de 4,6 mil vagas de trabalho no 1º semestre de 2025

O Itaú (ITUB4) surpreendeu ao demitir cerca de mil trabalhadores nesta semana, sob a alegação de baixa produtividade no home office. Contudo, a redução de postos de trabalho bancários não é um fenômeno isolado ao banco, nem recente.

Bancos têm ajustado o quadro de pessoal na medida em que cada vez mais serviços são realizados de maneira digital. É uma mudança de cultura que implica, muitas vezes, na redução do número de agências e bancários, mas na ampliação dos setores de tecnologia. Além disso, os cortes integram as estratégias de redução de custos e melhora dos resultados de muitos bancos.

“O fechamento de postos de trabalho na categoria é um movimento acelerado e bastante complexo. Não se trata somente de mudanças de cunho tecnológico, os bancos, para ampliar a rentabilidade, têm promovido a redução do custo operacional com demissões”, afirmou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, Neiva Ribeiro.

Dessa forma, os quatro grandes bancos listados na B3 -Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11)- fecharam mais de 4,6 mil vagas de trabalho só no primeiro semestre de 2025, segundo dados dos seus últimos balanços.

O corte foi puxado pelo Bradesco, que fechou 1.875 vagas no período e foi seguido de perto pelo Santander, com 1.728 cortes. O Banco do Brasil teve uma redução menor, de 615 empregos. Já o Itaú, que acelerou as demissões nesta semana, teve o menor ajuste do primeiro semestre: 505, sendo 453 no Brasil.

Bradesco

A redução dos postos de trabalho do setor bancário brasileiro foi puxada pelo Bradesco no primeiro semestre. O banco fechou 1.875 vagas de trabalho no período, sendo 1.219 apenas entre abril e junho. Em 12 meses, já são 2.564 vagas de trabalho a menos.

Em reestruturação para melhorar a qualidade dos seus ativos e a sua rentabilidade, o Bradesco vem fechando agências e acelerando o processo de transformação digital, o que tem um impacto direto no número de trabalhadores.

No balanço do segundo trimestre de 2025, o banco afirmou que a redução do número de funcionários está em linha com a “estratégia de otimização do custo de servir”. Mas garantiu que, ao mesmo tempo, tem reforçado as equipes de tecnologia, operações e negócios.

“Estamos ajustando o modo de servir os nossos clientes e reforçando áreas de conhecimento mais especializado, como tecnologia, análise de dados e crédito. Esse esforço de transformação envolve contratações e ajustes. Um exemplo é a área de tecnologia, que contratou mais de 2.500 profissionais”, reforçou o Bradesco, em nota enviada ao Investidor10.

Santander

O Bradesco foi seguido de perto pelo Santander em relação a fechamento de postos de trabalho no primeiro semestre, pois a filial do banco espanhol cortou 1.728 vagas no Brasil no período.

Procurado, o Santander não comentou o assunto. No balanço do segundo trimestre, contudo, o banco também cita um movimento de “otimização do parque de lojas”.

Banco do Brasil 

Já o Banco do Brasil fez um ajuste menor do seu quadro de pessoal, fechando 615 posições nos primeiros seis meses de 2025. Segundo a instituição, “o número representa aposentadorias e desligamentos naturais, em linha com períodos anteriores”. 

O banco disse ainda que, ao mesmo tempo, tem avançado na contratação de pessoal para as funções de Agente Comercial e Agente de Tecnologia.

“Não houve qualquer iniciativa para promover desligamentos”, ressaltou, em nota, contando, no entanto, que, no momento, não há previsão para a abertura de um novo concurso para a instituição.

Itaú

O Itaú, por sua vez, teve a menor redução de postos de trabalho entre os grandes bancos listados na B3 no primeiro semestre. O banco cortou 505 vagas no conjunto das suas praças de atuação, sendo 453 no Brasil, entre janeiro e junho de 2025.

Contudo, acelerou as demissões na última semana, por meio do desligamento de trabalhadores que supostamente vinham apresentando baixo rendimento no home office.

Segundo o Itaú, os cortes foram realizados depois de “quatro meses de análises e debates profundos, que mediram a atividade em softwares corporativos” e teriam revelado “baixos níveis de atividade digital” de uma “minoria de colaboradores em jornadas de trabalho remoto”.

O banco ressaltou, por sua vez, que o objetivo não era reduzir o quadro de pessoal. E disse que, por isso, “as contratações continuam e as reposições dessas vagas serão discutidas caso a caso e dentro do cenário de cada área”.

“Para o Itaú, essa decisão faz parte de um processo de gestão responsável e tem como objetivo preservar nossa cultura e a relação de confiança construída com clientes, colaboradores e a sociedade”, afirmou.

Ainda assim, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região questiona o modo com que as demissões foram realizadas e, por isso, decidiu levar o caso à Justiça. O órgão sindical diz que o Itaú demitiu cerca de mil funcionários sem aviso ao prévio, o que desrespeitaria a Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários.

“Uma demissão coletiva exige comunicação prévia com o sindicato”, disse o advogado Max Garcez, que assessora o Sindicato.

“Outra questão é o dano moral coletivo aos trabalhadores. A empresa não poderia colocar todas estas pessoas no mercado como preguiçosos”, completou.

BB é o maior empregador

Com esses cortes, o Itaú perdeu o posto de banco que mais emprega no país para o Banco do Brasil. O banco privado tinha pouco mais de 86,2 mil funcionários no Brasil no final de 2024, mas esse número caiu para 85,7 mil em junho de 2025 e deve diminuir novamente no próximo balanço, devido às demissões desta semana.

Já o Banco do Brasil contava com 85,9 mil funcionários ao final do primeiro semestre de 2025.

Veja quantas pessoas cada banco empregava no Brasil em junho de 2025:

  • Banco do Brasil: 85.959;
  • Itaú: 85.775;
  • Bradesco: 82.147;
  • Santander: 53.918.

Veja também quantas vagas de trabalho foram fechadas no 1S25:

  • Bradesco: 1.875;
  • Santander: 1.728;
  • Banco do Brasil: 615;
  • Itaú: 453.

Com informações – Marina Barbosa (Investidor 10)

Imagem: reprodução

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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