Belém: labirinto político de Edmilson

Independente de posicionamento político, em Belém, capital do Pará, há uma certeza: a gestão do prefeito Edmilson Rodrigues (Psol) segue muito mal avaliada. A justificativa dos defensores do governo municipal é sempre a de que se assumiu uma cidade que viveu dezesseis anos de atraso (duas gestões de Duciomar Costa e mais duas de Zenaldo Coutinho). Em parte, é verdade. Mas tal argumento já começa a não surtir efeito na sociedade, que cobra ações que melhorem a qualidade de vida da população belenense.

Rodrigues está em seu terceiro mandato à frente do Executivo da capital paraense. Se elegeu após uma disputa acirrada, em 2020. O psolista obteve 51,75% (388.838 votos), enquanto Everaldo Eguchi (Patriota), ficou em segundo lugar com 48,25% (358.772 votos). Inegavelmente, Edmilson teve votos do campo progressista, mesmo muitos descontentes, mas convergindo para evitar a vitória de um bolsonarista. Tanto que se teve um nível de abstenção alto, que ultrapassou 20%.

Passados dois anos, o que se vê é uma Belém abandonada. As obras entregues são escassas, contadas nos dedos. De resto é a manutenção de serviços em um péssimo nível, que o diga a saúde pública municipal, rodeada de denúncias e fatos que vão desde a falta de medicamentos, atendimentos e falta de pagamento dos profissionais da área.

No saneamento básico, um segmento historicamente problemático na capital paraense, se esperava que, pelo menos, se diminuíssem os problemas relacionados, por exemplo, à enchentes. Mas o que se acompanha é a manutenção desses problemas. Há para aumentar o cenário de desgraça a clara deficiência no recolhimento (sem tratamento do lixo urbano), que se avoluma em diversas ruas, até mesmo as mais centrais.

Outro ponto que pesa contra a gestão de Edmilson é o gargalo, também histórico, do transporte público, que segue um modelo que sobrevive quase que exclusivamente pela cobrança de tarifa do usuário, que mostra-se incapaz de manter minimamente a operacionalização do sistema. Duas licitações foram feitas e nenhuma empresa mostrou interesse. Na atual gestão municipal, a crise no transporte público da capital e municípios que compõe a Região Metropolitana atinge o seu estágio mais crítico. Dificilmente em sua atual gestão, Edmilson conseguirá melhorar consideravelmente o serviço à população.

A Prefeitura de Belém padece da escassez de recursos. Seu orçamento com previsão total de receita de R$ 5,2 bilhões, parece muito, mas sobra pouco para investimentos. Grandes obras na capital precisam de aporte vindo dos tesouros federal e estadual, além do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). Sem essas parcerias, quase nada se faz com orçamento próprio.

Na mira

Sob o aspecto político, a situação de Edmilson se agrava a cada dia. Perdeu a indicação da Presidência da Câmara de Vereadores, que teve como vencedor John Wayne, que fez com que o MDB mantivesse o controle da Casa por toda a legislatura atual. Segundo fontes, havia um acordo para que o prefeito de Belém indicasse o nome para dirigir o parlamento municipal da capital no atual biênio, mas que deixou de ser respeitado, digamos, pelo governador.

O prefeito de Belém está na mira mais direta de dois postulantes ao seu cargo: os deputados estaduais Thiago Araújo (Cidadania) e Igor Normando (Podemos), que se licenciou para assumir a recém-criada Secretaria de Cidadania, com claro objetivo de fomentar maior visibilidade ao citado, que já deixou claro nos primeiros dias no cargo que o seu foco é o Palácio Antônio Lemos.

Edmilson tinha como principal aliado até então o governador Helder Barbalho (MDB), que vem deixando claro que “largou a mão” do prefeito de Belém, e deve apoiar outra candidatura. A situação do atual mandatário municipal é complexa e preocupante. As recentes mudanças no primeiro escalão visam dinamizar a gestão, que sofre com o esperado processo de autofagismo interno, promovido pelas diversas correntes do partido. Enquanto isso, a única capital brasileira que o Psol governa segue sendo uma “vitrine” trincada, que não vale como exemplo de sucesso ao partido.

Resta a Edmilson tentar em pouco tempo salvar a sua gestão e disputar com chances de vitória a sua permanência no cargo, ou ter ficado no caminho, em mais uma gestão, a exemplo de seu segundo mandato como prefeito, que ficou muito aquém do esperado. O tempo agora joga contra o atual prefeito de Belém.

Imagem: reprodução Internet. 

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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