Brasil: quarto ministro da Saúde em um ano. Melhor para o vírus

Em pouco mais de um ano sofrendo com a Covid-19, o Brasil terá seu quarto ministro da Saúde. O presidente Jair Bolsonaro anunciou ontem,15, a substituição do general Eduardo Pazuello pelo médico Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia. A cabeça de Pazuello era pedida há tempos em função do descontrole da pandemia, e Bolsonaro optou por uma troca pessoal e isolada. Como disse a apoiadores, ele conhece Queiroga há anos…

Segundo o que foi apurado pela Folha, de fato, o presidente e o futuro ministro têm uma relação antiga. Queiroga participou da equipe de transição após as eleições de 2018 dando apoio técnico em questões de saúde. Em dezembro do ano passado, o médico foi indicado para uma vaga na diretoria da Agência Nacional de Saúde (ANS), mas sua sabatina no Senado não aconteceu devido à pandemia. Em entrevista, ele defendeu que a ênfase do país deve ser ampliar o programa de vacinação e que a cloroquina, menina dos olhos de Bolsonaro, não entraria em seu arsenal contra a doença.

No Painel da Folha: “Os secretários estaduais de Saúde disseram aprovar a escolha de Queiroga como substituto de Pazuello. Eles afirmam que o cardiologista conhece bem os problemas da saúde pública. Também apontam que ele fez carreira participando de associações e sociedades médicas e que, além dos atributos profissionais, é ‘um gente boa’. Queiroga foi avalizado principalmente por secretários do Nordeste.”

Embora pressionassem pela troca no ministério, os políticos do Centrão ficaram irritados. Bolsonaro sondou a também cardiologista Ludhmila Hajjar — indicada pelo grupo, apoiada publicamente pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e com aval de ministros do STF e do procurador-geral da República – para duas conversas, uma na noite de domingo, outra na manhã de segunda. Mas, em vez do convite, submeteu-a a constrangimentos. No fim fez uma escolha pessoal. Segundo apurado pelo Estadão com um político de peso do Centrão, segundo ele: “Bolsonaro terá que acertar na seleção do seu quarto ministro da Saúde porque, caso seja necessário fazer uma nova troca, o país não vai parar para discutir quem será o quinto, mas sim o próximo presidente da República”. Recado dado.

O site “Poder 360” tratou da indicação da cardiologista e afirmou que: “O constrangimento a que Hajjar foi submetida não tem precedentes. Em vez do esperado convite para ocupar o ministério, passou por uma sabatina por parte do presidente e de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), sob o olhar de Pazuello”. O Zero Três queria saber a posição dela sobre armas e aborto, enquanto Bolsonaro insistia na cloroquina. Ao falar de medidas restritivas, Bolsonaro foi direto: “Você não vai fazer lockdown no Nordeste para me foder e eu depois perder a eleição, né?” E enquanto a conversa acontecia, a tropa de choque bolsonarista, nas redes sociais, já atacava a médica. Ontem, após o segundo encontro, Hajjar disse que não seria ministra.

E os ataques, segundo ela, não se restringiram à internet. Em entrevista ao vivo na Globo News, Hajjar disse ter havido ameaças de morte a ela e a sua família e três tentativas de entrar no hotel onde estava em Brasília por parte de pessoas estranhas que se diziam de sua equipe e tinham o número de seu quarto. “Realmente foi assustador. Está sendo, porque eles não terminaram”, afirmou ao Portal G1.

Enquanto isso, seguimos em uma escalada de mortes e infectados, com o sistema de saúde dos estados em colapso. Queiroga seguirá o seu histórico profissional, ou seja, ser a favor da Ciência, ou agora sendo diretamente subordinado ao presidente Bolsonaro, se renderá ao negacionismo, indo de encontro aos preceitos científicos? A ver.

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

#veja mais

Pará registra queda no desemprego entre julho e setembro

Pará registrou queda no índice de desemprego no 3º trimestre deste ano (de julho a setembro), segundo o estudo Mercado de Trabalho do Estado do

Cony: a minha droga

Conheci Carlos Heitor Cony em 2003, quando comecei a ler textos de opinião pelo computador. Sem muitas referências e com a gana de conhecimento a

Pará perderá quase R$ 3 bilhões em arrecadação com projeto de teto do ICMS

De acordo com os estudos realizados pela Secretaria de Estado da Fazenda do Pará (Sefa), o estado terá perdas de R$ 2,916 bilhões, em um

Pará têm dois dos cinco maiores senadores gastadores do Brasil

Em mais um levantamento feito de forma exclusiva pelo Blog do Branco em relação às finanças públicas, tendo como base os números do site “Vem

Curionópolis: gestão Mariana conta com maquinário mais moderno do Pará para atendimento a gestantes

No mês que homenageia as mulheres, a Prefeitura de Curionópolis inicia a realização de um dos exames mais importantes no acompanhamento de gestantes, a ultrassom

Rapidinhas do Branco. XII

Galeria dos mandatários Foi inaugurada na última quinta-feira, 12, a Galeria dos Prefeitos, localizada no Hall da Prefeitura de Parauapebas. A capital do minério em