Enquanto o mundo acompanha capítulo a capítulo o conflito entre Rússia e Ucrânica, que começou no fim de fevereiro do ano corrente, e sem ter prazo para acabar, há outro embate que, a exemplo do europeu, também é antigo: China x Taiwan. Neste caso, a improporcionalidade é ainda maior. Seria como relatado em uma passagem bíblica: Davi x Golias.
A relação conturbada entre China e a ilha de Taiwan é fonte de tensões recorrentes entre Washington, capital dos Estados Unidos, e Pequim, capital chinesa. Ao longo de mais de 70 anos, a diplomacia entre os chineses e a ilha de 23 milhões de pessoas, a 130 km da costa da China, enfrentou várias etapas turbulentas, mas chega a um novo patamar atualmente. A recente visita da presidente da Câmara dos Representantes americana, Nancy Pelosi, à capital taiwanesa, Taipei, e autorização da China para exercícios militares com munição real no Estreito de Taiwan aumentaram significativamente a preocupação com um possível um conflito.
Entenda a separação de China e Taiwan e o posicionamento dos EUA
Em 1º de outubro de 1949, o líder comunista Mao Zedong proclamou a fundação da República Popular da China, após derrotar os nacionalistas na guerra civil que eclodiu depois da Segunda Guerra Mundial e durou quatro anos. As tropas nacionalistas do Kuomintang, lideradas por Chiang Kai-shek, recuaram para Taiwan e formaram um governo. Os nacionalistas proibiram qualquer relação com a China continental.
Pouco depois aconteceu a primeira de uma série de tentativas do Exército Popular de Libertação da China (EPL) de tomar as ilhotas de Quemoy e Matsu. No ano seguinte, Taiwan tornou-se um aliado dos Estados Unidos, então em guerra contra a China na Coreia.
Em 5 de outubro de 1971, a China substituiu Taiwan na Organização das Nações Unidas (ONU). Já em 1979, os Estados Unidos romperam relações diplomáticas com Taiwan e reconheceram Pequim. Quase toda comunidade internacional adotou a política de “uma só China”, que exclui as relações diplomáticas com o governo nacionalista.
Nesse cenário, Washington continuou sendo o principal aliado de Taiwan e seu principal fornecedor de equipamentos militares.
O que está em jogo?
A China reivindica Taiwan, uma democracia insular autônoma, como seu território e prometeu recuperá-lo – pela força, se necessário. Na verdade, a ilha virou mais um ponto de divergência entre as duas maiores economias mundiais. Os norte-americanos deixam claro que poderão desencadear um conflito armado contra os chineses, caso estes invadam a ilha. De certo, sem apoio, Taiwan torna-se uma presa fácil de Pequim, uma disputa entre Davi x Golias. O mundo à beira de mais uma guerra.
Com informações GHZ Mundo (adaptado pelo Blog do Branco)
Imagem: Agência Reuters.