Genocídio é o extermínio deliberado de um povo – normalmente definido por diferenças étnicas, nacionais, raciais, religiosas e, por vezes, sociopolíticas – no total ou em parte. O termo foi cunhado por Raphael Lemkin em 1944, combinando a palavra grega γένος (genos, “raça, povo”) com o sufixo latino -caedo (“acto de matar”).
Porém, existe controversa entre vários estudiosos, quanto ao fato de se designar ou não como genocídio os assassinatos em massa por motivos políticos. A concordância sobre o termo diz respeito que é deliberadamente um tipo de limpeza étnica. Se formos transportar tais afirmações à prática, o que o estado de Israel promove contra a Faixa de Gaza é sim um genocídio.
O tema está sendo tratado aqui justamente porque ontem, 23, em um evento na cidade do Rio de Janeiro, o presidente Lula voltou afirmar que se comete genocídio por parte de Israel contra o povo palestino, justamente porque crianças e mulheres são alvos preferenciais e não mais militantes do Hamas.
Lula condenou os ataques e chamou a atenção para que se analise bem à sua fala anterior, que gerou polêmica e que promoveu 140 assinaturas de impeachment contra ele na Câmara dos Deputados. O presidente brasileiro jogou luz novamente sobre o conflito no Oriente Médio, condenando novamente o governo de Netanyahu.
Lula tornou-se um dos maiores líderes globais a “tocar na ferida” e criticar publicamente às ações de Israel. Mais de 29 mil pessoas foram mortas em Gaza desde o início da guerra, segundo o Ministério da Saúde do território palestino. Na conta ao lado, foram mortas 1.200 pessoas em Israel em decorrência dos ataques do Hamas.
Coincidência ou não, ontem, 23, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou um plano para a Faixa de Gaza após o encerramento do conflito, que poderá ser de forma gradativa ou de vez. Sofrendo forte pressão interna (sim, há muitos israelenses contrários ao que o país promove contra os palestinos) e a internacional, reforçada pela narrativa de Lula.
A proposta apresentada por Netanyahu, inclui a “desmilitarização completa” do território palestino, o fechamento da fronteira sul do território com o Egito, bem como a revisão da administração civil e dos sistemas educativos de Gaza. O plano surge no momento em que Israel enviou uma equipe de negociação, liderada pelo diretor do Mossad, David Barnea, a Paris ontem, 23, para prosseguir negociações sobre um potencial cessar-fogo e acordo de libertação de reféns que pode pôr fim à longa guerra de quatro meses.
Enfim, Lula não está errado em afirmar que o que acontece em Gaza é genocídio. Exagerou ao relacionar o fato com o holocausto. Tal comparação (deslize narrativo) foi o suficiente para que se tentasse desconstruir sua narrativa e mudasse o foco da mesma.
Qual ser humano concorda com o massacre em massa de um povo, sob qualquer justificativa?
Imagem: O Tempo.