O PSDB precisava de um bom nome para encerrar a gestão petista na capital paulista. Apesar de Fernando Haddad (PT) à época não ostentar boa avaliação, caso um nome de impacto não fosse lançado dentro do ninho tucano, o risco era grande de não controlar a Prefeitura de São Paulo, o terceiro maior orçamento público do país.
Usando a sua influência política por ser governador naquele momento, Geraldo Alckmin tirou como dizem “coelho da cartola” e lançou o então empresário, João Dória, um outsider. Vale lembrar que, naquele momento, a operação Lava Jato já ocorria e havia muito desgaste na imagem da classe política dita “profissional”, os que são, digamos, de carreira.
O objetivo de lançar um nome de fora da seara política foi o caminho encontrado. Com uma votação expressiva (53,2%), João Dória venceu a eleição para gestor da capital paulista em primeiro turno. Um resultado que surpreendeu a todos dentro do ninho tucano. Com o mote: “Não sou político, sou gestor”, nascia um fenômeno nas urnas.
Em outros artigos tratei desta pauta. Sempre analisando o processo político-eleitoral de Dória. Vale lembrar que Geraldo Alckmin o apoiou por conta de um acordo firmado entre ambos. O prefeito eleito terminaria o seu mandato (algo que foi prometido publicamente por Dória), portanto, não concorreria ao governo paulista em 2018. Na prática não foi o que aconteceu. O nome do governador seria o seu vice, Márcio França (PSB). Dória resolveu se lançar ao Palácio dos Bandeirantes, mesmo sem o apoio total de seu partido. A disputa foi ferrenha, decidida no final da campanha. O tucano trocou a prefeitura pelo governo estadual.
Um fator eleitoral muito importante que não teve a devida atenção, mas que já era claramente um sinal. Dória perdeu a eleição estadual na capital paulista. Ganhou no interior. Portanto, a avaliação de sua gestão não estava boa, depois de dois anos no cargo. A disputa de 2018 criou um grande racha no ninho tucano.
Três anos depois, na condição de governador, decide se lançar na disputa presidencial. Metade do PSDB não o queria como candidato a presidente da República. A solução foi criar as prévias para que, de forma democrática, se pudesse escolher o nome tucano. João Dória venceu Eduardo Leite, governador gaúcho, com pequena diferença, depois de muita lambança durante o processo, que foi ameaçado de ser cancelado (Leia Aqui).
Estamos há oito meses da eleição. Até o momento, as pesquisas apontam que a pré-candidatura de Dória não emplacou. Considerando margem de erro e a média dos levantamentos publicados, seus números ficam entre 2% a 7%, não configurando nem entre os quatro mais bem colocados.
Além disso, outra “pedra em seu sapato” é a questão das federações. O PSDB estuda se aliar ao MDB e ao Aliança Brasil. Se isso ocorrer, a candidatura de Dória ficará mais inviável ainda. Nos bastidores o governador de São Paulo já cogita encerrar a sua permanência na disputa presidencial, disputando, portanto, à reeleição.
João Dória tem a marca de ter se tornado um desagregador. Desde de a sua chegada ao PSDB, sempre colocou suas pretensões e objetivos à frente dos interesses do partido. Se colocou na condição de estrela maior, algo que nunca foi. Por isso, não conta com apoio de metade dos tucanos e ostenta alta rejeição ao seu nome.