No último domingo, 16, ocorreu o esperado debate entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula (PT). Já tratei em outro artigo sobre o encontro entre os dois. Todavia, há um fato muito interessante, e que precisa ser tratado: a presença no evento ex-juiz, ex-ministro de Bolsonaro e senador da República eleito, Sérgio Moro, do União Brasil.
O ex-magistrado não esteve no debate na condição de convidado. Estava na comitiva do presidente como assessor informal. Portanto, ambos estão juntos novamente. Isso depois de Moro ter deixado o governo e dito diversas vezes que o presidente interferia na Polícia Federal, e que seu discurso de combate à corrupção não passava de uma falácia. O ex-juiz rompeu com Bolsonaro e se lançou como pré-candidato à Presidência da República logo em seguida. Todavia, logo ficou pelo caminho. Ao fim, teve sorte, ao se eleger senador da República pelo Paraná, depois de ter sido “expulso” de São Paulo.
O apoio, ou melhor, a assessoria de Moro a Bolsonaro neste debate teve diversos significados. Primeiro, municiar o atual presidente com informações da operação Lava Jato, assim como sobre corrupção, este um tema ainda muito delicado ao PT, além de, quem sabe, fazer a sua presença ser uma afronta a Lula, tentando, talvez, intimidar o petista. De todo, modo, o senador eleito mostrou a sua total incoerência. Disse que o apoio a Bolsonaro é para combater a corrupção. Inacreditável, mas essa foi a sua justificativa.
De todo modo, Moro escancarou, sem constrangimentos, o que foi, de fato, a Lava Jato. Todas as acusações que sofreu enquanto exerceu a magistratura na citada operação, e que sempre as negou, agora aos mais desatentos, não há mais o que falar ou defender.
Desde 2017, este blogueiro que vos escreve, alertava sobre os reais objetivos da Lava Jato e de seus operadores, que incluía procuradores e o juízo. Inegavelmente, existiu corrupção na Petrobras, mas a operação que nasceu para essa fim, logo mirou em Lula, sustentando que o ex-presidente havia cometido corrupção ao ter um tríplex no Guarujá e um sitio em Atibaia, ambos de origem ilícita. Nada conseguiu ser provado. Moro foi declarado incompetente e imparcial – algo que sempre esteve aos olhos dos mais atentos.
Após ter tirado Lula da eleição de 2018, dois meses depois do resultado das urnas que elegeu Jair Bolsonaro, o ex-juiz deixa a magistratura e aceita o cargo de Ministro da Justiça (ainda não havia sido criada o novo ministério, que além deste, iria incluir a Segurança Pública). Pouco tempo depois, deixou o governo e passou a atacar o atual presidente, que agora assessora.
O ex-juiz deixa claro que não tem escrúpulos. Não sabe, por exemplo, o que é constrangimento ou coerência.
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