A disputa pelo governo do Pará, em 2022, se apresenta bem diferente de qualquer outra anterior após o processo de redemocratização. Algo parecido só foi visto na eleição de 1998, quando Almir Gabriel (PSDB), disputou a reeleição. Tudo porque, no caso do Executivo paraense, a eleição é meramente protocolar. A reeleição de Helder Barbalho (MDB) está garantida. A questão é saber se a vitória será já em primeiro turno (o que as pesquisas até apontam para essa possibilidade). Por isso, até aqui, é perceptível que o atual mandatário irá dispor de menos recursos em uma campanha mais enxuta. Ou seja, irá precisar gastar menos.
Depois de interromper ao vencer a eleição de 2018, uma sequencia de 20 anos de governos do PSDB, com um gestão petista, quebrando a sequência tucana, o atual mandatário estadual irá para um segundo mandato tendo a maior coligação do país, com 16 legendas em sua base de apoio. Segundo matéria do jornal O Globo sobre o tema, a aliança de Helder inclui desde o PT, que lançou o ex-presidente Lula para o Palácio do Planalto, até PP e Republicanos, que apoiam a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). O MDB do atual governador do Pará lançou a candidatura de Simone Tebet à Presidência, mas Barbalho irá apoiar o ex-presidente petista.
Com a eleição ao Palácio do Governo definida, Helder se voltará nesse processo eleitoral para eleger um dos três candidatos que estão em sua base na disputa pelo Senado. O MDB quer fazer cinco deputados federais. Na Assembleia Legislatura, o partido trabalha com uma bancada de dez a doze deputados. O MDB deverá crescer, já de olho nas eleições municipais de 2024.
A situação é tão confortável ao governador, que lhe permitiu escolher como vice uma pessoa de dentro do partido, e de perfil técnico. Nem precisou, portanto, dispor a vaga na chapa para um nome de algum partido que estaria em sua coligação, como fez em 2014, ao escolher Lira Mara (antigo PFL que virou DEM e hoje se tornou União Brasil), e em 2018, quando optou por Lúcio Vale, à época no PR.
Sem adversário
A supremacia de Barbalho não é só explicada pelo elevado nível de boa avaliação que a gestão estadual ostenta. Outro fato se soma: falta de adversário que pudesse rivalizar ou, pelo menos, levar à disputa ao segundo turno. A figura política no campo da oposição que teria essa capacidade é o ex-governador Simão Jatene, que está inelegível, portanto, impedido de assumir, depois de ser condenado por abuso de poder econômico na eleição de 2014 e ter as suas contas de 2018 reprovadas pelos deputados estaduais.
Deste modo, o “maior” adversário de Helder nesta eleição é o senador Zequinha Marinho (PL), que já foi seu aliado, mas rompeu com os Barbalho, assim como fez com Jatene, em 2018. A questão é que o citado parlamentar não é unanimidade nem mesmo dentro dos eleitores bolsonaristas. A pecha de traidor é um fator que pesa contra Marinho, o que produz contra ele um alto índice de rejeição, que só é menor dentro do universo evangélico.
De todo modo, a eleição para governador, no Pará, deverá ser uma das mais monótonas desde a redemocratização. A primeira etapa do projeto de poder de Helder será concretizada.
Imagem: Portal G1 Pará.