É o que afirma o cientista político, Dornélio Silva, que responde pela Doxa Pesquisas, que tornou público um importante artigo analítico sobre a disputa do próximo ano ao Executivo da capital paraense. O Blog do Branco o reproduz na íntegra:
“O último prefeito de Belém do PMDB, hoje, MDB, foi Fernando Coutinho Jorge. Primeiro prefeito eleito diretamente após a ditadura militar, implantada no país em 1964. Coutinho Jorge governou Belém de 1º de janeiro 1986 a 1º de janeiro de 1989. De lá pra cá Belém foi governada pelo PTB, PFL, PT, PSDB E PSOL. O partido participou do processo eleitoral nessas eleições, mas sem candidatos competitivos. Na reeleição de Duciomar Costa (2009), o MDB conseguiu passar para o segundo turno com José Priante, mas perdeu.
O MDB, tanto em nível nacional como local, até 2014, não foi um partido competitivo nas eleições. No entanto, tinha uma estratégia de não ser o protagonista, mas sim estar no plano de fundo decisório da política brasileira, isto é, continuar ditando ordens nas entranhas do poder. Tal condição lhe garantiu a ocupação de espaços estratégicos no Estado brasileiro. O partido sempre chegou ao poder, não por ter seus candidatos eleitos diretamente, mas sim de forma secundária ou por ter maioria parlamentar. Em 1985 Tancredo Neves é eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. Seu vice era José Sarney, do MDB. Sem assumir a presidência, Tancredo morre e Sarney vira presidente.
Em 1989, o MDB participa da eleição com Ulisses Guimarães, ficando em 7º lugar. Fernando Collor é eleito, tendo como vice, Itamar Franco (PRN). Em 1992, Itamar saiu do PRN e ingressou no MDB. Depois do impeachment de Collor, Itamar Franco assume a presidência da República. O PMDB volta ao poder. Ao término da era Lula, O MDB assume a vice-presidência com Dilma e repete a dobradinha na reeleição de 2014.
Com o impeachment de Dilma, Michel Temer assume com o PMDB o poder central do país. Como se viu, o MDB não elegeu diretamente nenhum candidato, mas estava no momento certo para abocanhar o poder. Essa estratégia se estende para os estados. No Pará, o partido elegeu Jader Barbalho governador em 1982 e em 1990, também. Em 1998, Jader se lança, mas perde a eleição para Almir Gabriel (PSDB). A partir daí, nenhum candidato competitivo foi lançado pelo PMDB.
Depois de 24 anos, o partido lança, em 2014, um candidato competitivo: Helder Barbalho, que mesmo ganhando o primeiro turno, perdeu no segundo para Simão Jatene (PSDB). Em 2018 Helder participa novamente e ganha a eleição. Em se tratando de Belém, depois de 37 anos o partido está, até então, pelas pesquisas Doxa, sendo competitivo, tendo o deputado Zeca Pirão (MDB) como o protagonista. Em todas as pesquisas Zeca está entre os três primeiros colocados. A engenharia política está se movimentando rapidamente nos bastidores. Aguardemos os próximos capítulos”.
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