Silêncio como método

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Jair Bolsonaro (PL) demorou 45 horas para “reconhecer” a sua derrota. Fez isso em um pronunciamento relâmpago de, pasmem, dois minutos. Como esperado, não reconheceu a derrota. Desde domingo à noite, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reconheceu oficialmente a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que o atual presidente se recolheu. Porém, sua postura ocasionou por todo o país manifestações de seus apoiadores não aceitando a derrota, ocupando vias, que foram bloqueadas em 22 dois estados brasileiros.

Com clara conivência das instituições de segurança federal e estaduais, neste caso, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e das Policias Militares dos estados que, mesmo com a autorização de atuação dada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), demoraram para agir e, quando agiram, em muitos casos (tudo registrado) fizeram “corpo mole”. Em alguns casos – também registrado por vídeo – policial militar se negando a cumprir decisão judicial.

Toda essa escalada golpista que tomou conta do Brasil nas últimas 96 horas (e que ainda ocorre, porém com poucos casos registrados) foi promovida – mesmo em silêncio – pelo presidente Bolsonaro. O ato de não reconhecer a derrota, não felicitar o seu adversário que venceu, criou no imaginário de seus apoiadores que o processo eleitoral foi fraudado. Que, por exemplo, se poderia, questioná-lo. Demorou 45 horas para o mandatário nacional se posicionar. O fez depois de ter negociado o seu futuro com o PL e ter se reunido com os ministros do STF.

Claramente, como dito aqui em outros artigos, Bolsonaro seguiu o mesmo modus operandi de Donald Trump, nos Estados Unidos. O presidente brasileiro esperou quase dois dias após a divulgação do resultado, pois contava com uma ebulição social, uma grave crise causada pelas manifestações, que poderia lhe fortalecer e, quem sabe, promover uma intervenção. Todavia, só os seus apoiadores mais radicais foram às ruas.

Bolsonaro não soube perder. Assim como seus apoiadores em grande maioria também não. Democracia é isso. Que os bolsonarista, agora na oposição se articulem e, dentro das regras legais, façam oposição ao novo governo para que possam retornar, quem sabe ao poder.

De resto, que a lei prevaleça. Os que prevaricaram possam responder por isso. Quem financiou a baderna e atos golpistas também. Viva a democracia. Que o país volte à normalidade.

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