Depois de duas semanas em sucessivos tropeços dialéticos, com narrativas sofríveis, em um jogo de recuos e desmentidos públicos, enfim o governo do presidente Jair Bolsonaro terá algo básico de toda gestão, ainda mais se tratando de um governo federal: um porta-voz oficial.
O presidente escolheu o general de divisão Otávio Santana do Rêgo Barros para ser a voz do governo. Barros é militar da ativa, com experiência em comunicação social e trato com a imprensa e um currículo que inclui participação na Missão de Paz no Haiti.
Até a semana passada, chefiava o Centro de Comunicação Social do Exército, sob o comando do general Eduardo Villas Boas, sucedido no posto pelo general Edson Leal Pujol. Bolsonaro foi aconselhado por auxiliares a acelerar a escolha de um porta-voz, a fim de evitar a repetição do que ocorreu nas duas primeiras semanas de governo, com recuos em informações dadas pelo próprio presidente.
Antes mesmo de o novo governo assumir, ministros já defendiam a escolha de um porta-voz, eles argumentavam que o presidente eleito não podia conceder quatro entrevistas por dia de forma improvisada, sem base, e que tragicamente precisavam ser corrigidas e até desmentidas, como ocorreu algumas vezes.
O maior desafio de Barros será o de unificar os descompensados discursos governista, condensar isso em uma só narrativa e a promover como algo aceitável. Em uma gestão polêmica, que fomenta a todo momento “cortinas de fumaças”, promover a comunicação não é algo fácil.
Agora, pelo menos, saberemos a quem e de quem escutar. Tá ok?