A situação política do ex-prefeito de Canaã dos Carajás, Jeová Andrade, é delicada. Primeiro porque a sua sucessora, antes aliada, Josemira Gadelha, ambos do MDB, vem promovendo uma gestão elogiável, fazendo com que a população, antes fiel a Jeová, migre para a atual gestora.
Ambos estão rompidos depois da última eleição, em que o ex-prefeito acusa Gadelha de não ter se empenhado para fazê-lo deputado estadual. Na cidade em que foi prefeito por duas vezes, Andrade obteve 21.103 votos, de um total de 45.697 votos que o ex-gestor obteve nas urnas, o fazendo ficar na primeira suplência emedebista. Certo é que o ex-mandatário canaãnense esperava se eleger para se fortalecer nas eleições municipais de 2024.
Voltemos, portanto, ao ponto central deste artigo… Há uma vaga no Tribunal de Contas do Estado do Pará (TCE), e por conta de regimento interno, cabe à Assembleia Legislativa (Alepa) indicar o nome para ocupar a cadeira. Por ter a maior bancada com 13 cadeiras, quase 1/3 do total, o MDB tende a ter a preferência na indicação (ainda mais quando se pensa que o governador Helder Barbalho poderá fazer valer a sua influência na escolha).
Se tal prognóstico se concretizar, um nome da bancada se colocaria como favorito: ex-prefeito de Moju, Iran Lima. O citado goza de enorme confiança e prestígio junto ao mandatário estadual, o que permite tal indicação. A questão central é: Lima quer encerrar sua vida política? Ou ainda pretende, por exemplo, voltar a ser prefeito de Moju, mesmo com algumas pendências judiciais?
É sabido que muitos políticos são indicados aos Tribunais quando estes já decretam o fim de suas atividades políticas. O último caso – em outro Tribunal – ocorreu com o ex-vice-governador, Lúcio Vale, indicado pelo governador Helder ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Indo mais a fundo na questão, há um outro nome que corre por fora: o da ex-deputada federal Ann Pontes, esposa do ex-todo poderoso do governo Helder, Parsival Pontes.
Iran Lima não demostra querer encerrar a sua vida política. Sua ida ao secretariado de Helder (o que não aconteceu até o momento e parece algo fora de cogitação) seria a chance de Jeová assumir uma vaga na Alepa, ou, até mesmo, a ida do ex-prefeito de Moju ao TCE, garantiria a Andrade assumir em definitivo o mandato.
Pelo visto, a “geladeira” deverá ser o local de abrigo do ex-prefeito de Canaã por um bom tempo, e isso terá consequências que o governador Helder Barbalho sabe, como, por exemplo, a possibilidade de Jeová sair de sua base e ir para a oposição (algo cogitado fortemente em Canaã). Pelo visto, a geladeira será o destino de Jeová Andrade, cada vez mais esquecido pela população de Canaã dos Carajás e pagando uma conta política alta pela sua escolha no segundo turno da eleição presidencial.
Imagem: reprodução Internet.