Você, leitor deste Blog, tenho um desafio a lhe fazer, especialmente aos que apoiam o governo do presidente Jair Bolsonaro. Uma proposta de medição de sensatez, da realidade, frente ao que estamos vivendo. Hoje, 09, completa 55 dias que estamos sem ministro da Saúde e 21 dias sem ministro da Educação. Pois bem, qual país no mundo – isso em meio a maior pandemia dos últimos cem anos – ficou ou está sem gestores nas suas duas áreas mais fundamentais?
Não há, não existe. Só o Brasil consegue tal proeza. No caso da Saúde, em menos de um mês, o governo trocou duas vezes de ministro, à época já espantava o mundo, imagina agora, com quase dois meses sem titular na pasta. Somos a segunda nação do mundo em infectados e mortes por Covid-19, e, mesmo assim, não temos um ministro.
É consenso mundial que a Educação é a maior e melhor ferramenta para o futuro de uma nação. Essa área é crítica, calamitosa no governo Bolsonaro. Em 18 meses de gestão, duas trocas e nenhum avanço, nenhum projeto. O Ministério da Educação está à deriva. Recentemente dois indicados nem assumiram. Um chegou a ser nomeado e foi exonerado cinco dias depois; o outro nem chegou a ter seu nome no Diário Oficial. Até a publicação deste artigo, continuamos sem um ministro.
Partindo para a campo internacional, o vexame continua. O Brasil nunca teve imagem tão arranhada lá fora. A avaliação que se tem é a pior possível. O mundo, de forma geral, olha para nós, perplexo. Tem a noção de que não há governo, não há comando. E tal constatação internacional não começou agora. Vem desde o meio do ano passado, por ocasião das queimadas históricas que a Amazônia sofreu. Sabe-se que isso foi produto da falta de fiscalização e flexibilização das leis ambientais que o governo defende. Tal descompasso na proteção da maior floresta tropical do mundo, custou caro à imagem do Brasil, assim como a economia do país. Há enorme pressão para que se faça boicote a diversos produtos da pauta de exportação de nossa balança comercial. E se isso se concretizar será um duro golpe em uma economia que poderá atingir um nível de recessão nunca antes visto.
Não irei aprofundar nesta apresentação do caos, então, caro leitor, me diga: o que temos a comemorar? O que deu certo, melhorou nesses 18 meses de governo? Qual área se destacou, apresentou bons números, avanços? Pode até haver um ou outro ponto positivo, mas eles somem frente ao descaso geral.
A economia continua estagnada, mesmo antes da pandemia não dava sinais que iria melhorar ou chegar a patamares prometidos pelo ministro Paulo Guedes. A linha neoliberal (assunto já tratado aqui por diversas vezes) não entregou nada que prometeu. No campo institucional, a questão é mais problemática ainda. A postura do presidente Bolsonaro de apoiar movimentos antidemocráticos, só trouxe instabilidades à ordem estabelecida.
Caro leitor e apoiador do governo Bolsonaro, sejamos sensatos, coerentes com a realidade. A gestão é ruim e compromete o país. Precisamos reconhecer. Exercício de sensatez sempre é algo importante e necessário. Isso vale para qualquer grupo político. O leitor pode perguntar: mas você já fez isso? Sim. No arquivo do Blog, há dezenas de críticas aos governos do PT. Exemplifiquei pelo fato de ser acusado de “passar pano” a esses governo. Uma rápida pesquisa no Blog, desmonta isso. Façamos, portanto, o exercício de sensatez. Quem ganha é o país.