No último dia 11, cumprindo a determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por ocasião da impugnação da candidatura do ex-presidente Lula, o Partido dos Trabalhadores definiu o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, como o substituto do impugnado. O ex-mandatário paulistano terá como vice a atual deputada estadual pelo Rio Grande do Sul, Manuela Dávila, do PCdoB.
Todo esse processo já havia sido definido pelo PT, ou melhor, por Lula, de sua cela na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba. Com o fim do processo “estica a corda” planejado pelo ex-presidente, Haddad foi enfim definido. Na semana passada o blog abordou justamente a questão da demora em definir o ex-prefeito como o candidato oficial, mesmo com a impugnação do TSE (com a possibilidade de recurso ao próprio tribunal eleitoral e ao Supremo Tribunal Federal). A questão – e que foi abordada por este veículo – foi que, a demora na indicação estava começando a fomentar uma diáspora eleitoral, ou seja, votos que antes estavam fixos e orbitando em torno de Lula, começaram a migrar para outras candidaturas, sobretudo, para a de Ciro Gomes (tese comprovada nas últimas pesquisas Datafolha e Ibope).
A campanha eleitoral é curta, se encerrará dentro de três semanas, portanto, tempo escasso para a estratégia do PT funcionar (transferência de votos de Lula para Haddad) é apertado, porém poderá ter êxito. Ocorrerá conforme planejado e esperado? Lula conseguirá colocar o seu ungido no segundo turno? Que o ex-prefeito crescerá nas próximas pesquisas isso é um fato inquestionável. Resta saber qual será o seu limite. Se Haddad chegar ao segundo turno, Lula já venceu a eleição, mesmo preso.
As últimas duas pesquisas divulgadas (Datafolha e Ibope) apontaram que o petista dobrou a sua margem de votos. Neste momento ele entrou no grupo que está empatado dentro da margem de erro (Ciro Gomes, Marina Silva e Geraldo Alckmin), o que torna o cenário imprevisível. Quatro candidaturas disputam uma vaga no segundo turno. Desde a primeira disputa presidencial (1990), após o processo de redemocratização (1985), não houve uma campanha presidencial tão disputada.
A polaridade entre PT e PSDB que domina as disputas presidenciais desde 1994, parece ter ficado deslocada. Primeiro pela liderança folgada de Jair Bolsonaro; segundo pelas consequências que a operação Lava Jato ocasionou a petistas e tucanos; terceiro pela margem considerável de votos de Ciro Gomes e Marina Silva (o seu recall das duas últimas eleições que a candidata disputou, apesar do seu processo de desidratação eleitoral).
O cenário apesar de ter ficado menos turvo, ele ainda é imprevisível. As próximas duas semanas serão fundamentais para:
1 – Saber se Jair Bolsonaro continuará a manter a liderança com folga, haja vista, que seu tempo de TV e rádio são insignificantes e que não poderá – por recomendações médicas – participar da campanha;
2 – Se Lula conseguirá – preso e sem participar de qualquer ato eleitoral – transferir o seu grandioso volume eleitoral para Fernando Haddad? O povo, sobretudo, o nordestino, consegue entender essa relação entre ambos, levando em consideração o perfil do agora candidato oficial do PT;
3 – Ciro Gomes manterá o seu crescimento? Continuará capitalizando votos petistas e da esquerda em geral (sem Lula, agora é Ciro)? O ex-governador cearense conseguirá manterá a representatividade de ser a melhor opção de centro-esquerda junto ao eleitorado?;
4 – Geraldo Alckmin chegou ao patamar de dois dígitos. Conseguirá manter o seu crescimento? A TV e rádio serão suficientes para levá-lo ao segundo turno?;
5 – Marina Silva manterá a sua linha decrescente nas pesquisas? O que tornou-se a sua sina nas disputas presidenciais.
As próximas duas semanas serão decisivas para que esses questionamentos possam ser respondidos. Aguardemos.