Nos últimos dias havia certa expectativa na campanha presidencial, tirando-a do marasmo que se arrastava com a grande diferença entre os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). Isso porque, o candidato petista apresentava crescimento nas pesquisas e inversamente proporcional a isso, a queda de Bolsonaro nos últimos dias de campanha. Alguns institutos aproximaram os dois, criaram expectativa de um avanço para dentro da margem de erro, configurando-se um possível empate técnico.
Tudo não passou de “espasmos” do processo eleitoral, ou seja, curvas de crescimento ou queda, variando conforme algum fato novo ou evento inesperado ocorrido na campanha. No sábado às vésperas da eleição, havia a narrativa no campo à esquerda que a eleição caminhava para o empate técnico, com a vitória apertada do candidato do PSL. O resultado das urnas foi outro, a diferença diminuiu, porém sempre se manteve confortável. Jair Bolsonaro foi eleito presidente com pouco mais de 57,7 milhões de votos (55,1% do total dos válidos), e Fernando Haddad obteve 47 milhões de votos (44,8% do total dos válidos), diferença de pouco mais de 10 milhões de votos.
A vitória de Bolsonaro põe fim a polaridade PT x PSDB que dominava as eleições presidenciais desde 1994. Sua esperada vitória fará o país entrar em um novo ciclo, todavia as crises política e econômica continuarão. O novo presidente governará um país dividido, parte ressentido por sua vitória. Cabe a ele acalmar os ânimos, promover um discurso conciliador. Será que o capitão reformado e agora presidente eleito conseguirá?
Ontem, após a confirmação de sua vitória, o primeiro discurso, feito em uma rede social, o conteúdo não foi nada conciliador; ainda em tom de campanha, mesmo com o seu fim. A retórica do anticomunismo esteve presente. Falou não como presidente eleito, aquele que terá que governar para todos, independente de lhe ter apoiado ou não. Um desastre. Já o segundo discurso, para a Televisão, Jair Bolsonaro leu um conteúdo mais pacificador, ao pronunciar: “Liberdade é um princípio fundamental. Liberdade de ir e vir, andar nas ruas, em todos os lugares deste país. Liberdade de empreender. Liberdade política e religiosa. Liberdade de informar e ter opinião. Liberdade de fazer escolhas e ser respeitado por elas. Este é um país de todos nós, brasileiros natos ou de coração. Um Brasil de diversas opiniões, cores e orientações”. Portanto, faça-se justiça, esse segunda narrativa, sim, está de acordo com a situação, e como se faz necessário ser e seguir a partir de agora.
O país aguarda por mudanças e a expectativa de como será o governo de Bolsonaro se tornará um dilema nacional.