Na data corrente, o ex-governador do Pará, Simão Robson Jatene, anunciou a sua saída do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). O fato já era esperado, pois diversas circunstâncias endógenas e exógenas levavam o citado ao desembarque do ninho tucano paraense.
Conforme analisado pelo Blog do Branco na semana passada, a última esperança de Jatene em continuar no partido e disputar o governo do Pará, em 2022, seria a vitória de Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, nas prévias do PSDB. Como é sabido, o vitorioso do processo de escolha interna foi João Dória, mandatário paulista, o que inviabilizou a candidatura de Simão, pois com o resultado, o grupo vencedor deverá validar o apoio do PSDB paraense à reeleição do governador Helder Barbalho (MDB).
Jatene gravou um vídeo e postou em suas redes sociais, tornando público a sua decisão. Na gravação, o ex-governador fez um relato cronológico de sua trajetória política, desde quando foi secretário de Planejamento e de Produção do estado durante as décadas de 1980 e 1990, até se tornar governador do Pará por três vezes (2002, 2010 e 2014 – sendo o único a ter conseguido tal feito até hoje), sendo ainda reeleito por duas vezes.
Ainda sobre o conteúdo divulgado, o ex-governador relembrou as gestões tucanas no Pará, atacou o atual grupo político que controla hoje a política paraense, além de ter relatado decepções com correligionários bem próximos, sem citar nomes. Mas para bom entendedor, meia palavra basta…
Além da questão interna, Jatene têm outras situações que tornavam quase inviável a sua pretensão política de concorrer novamente ao Governo do Pará. A reprovação de suas contas de 2018 pela Assembleia Legislativa (Alepa) e a recente condenação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder econômico na campanha eleitoral de 2014, no uso de forma desproporcional recursos do programa Cheque Moradia com a finalidade de obter votos para a reeleição. O que ocorreu na verdade foi só a reafirmação da condenação que já havia sido feita pelo Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA). O TSE confirmou a sua inelegibilidade até 2022.
Com o martelo batido, ou seja, com Jatene fora do partido que ajudou a fundar (ou afundar para outros), resta saber qual caminho seguirá o ex-governador? Uma certeza: Simão quer concorrer em 2022, de preferência ao governo do Pará. Há várias opções, desde o recém-criado União Brasil (fusão entre o PSL e o DEM), o Cidadania e o mais provável: PSD, controlado pelo seu ex-vice-governador Helenilson Pontes. Dentro do ninho tucano paraense, o último que sair que apague a luz.