A saída de Nísia Trintade do Ministério da Saúde na semana passada, causou grande repercussão negativa ao governo. A homenagem feita pelos servidores da pasta em sua despedida foi uma cena que não se costuma ver na Esplanada dos Ministérios.
Primeiramente pela demissão de mais uma mulher, a quarta a deixar o primeiro escalão do governo desde o seu início. Todas substituídas por homens, diminuindo muito a presença feminina no governo, que prometeu na campanha maior presença feminina. Segundo, pela forma como foi, claramente “fritada”como se diz no linguajar político.
Nísia sucumbiu à pressão da politicagem que reina pelos corredores do poderoso ministério que comandava, o segundo maior orçamento da União. Sua demissão ocorreu sob a justificativa da falta de ações e projetos. Na verdade, Trindade sucumbiu aos interesses políticos pressão do Centrão e alas do governo – incluindo o próprio presidente – por ter um perfil mais técnico.
Para o seu lugar foi escolhido um homem branco, Alexandre Padilha, que já exerceu o cargo. Saiu das Relações Institucionais e agora comandará a Saúde, com posse marcada para o próximo dia 10. Em relação a demissão de mais uma mulher, nenhuma nota do Palácio do Planalto e muito menos alguma menção do presidente Lula. O silêncio é ensurdecedor.
A demissão de Nilze acontece em um momento em que o governo tenta retomar a popularidade do presidente, que continua despencando. A terceira passagem de Lula pelo Palácio do Planalto segue aquém do que se esperava tendo como referência as duas gestões anteriores.
Muitos afirmam que o presidente não é o mesmo. Lula vive preso em seu gabinete. Não atende com a mesma frequência de outrora; deixou de exercer a sua melhor qualidade: articulação política. Nem os seus auxiliares mais próximos conseguem ter acesso ao presidente, que parece viver encastelado, preso em seu gabinete no terceiro andar do Palácio do Planalto. Quando sai o seu destino é quase sempre o mesmo: Palácio da Alvorada, a residência presidencial oficial.
Lula perdeu à sua essência. Não, por acaso, sua popularidade continua em baixa, apesar do marketing buscar revertê-la com projetos e programas que tem como alvos às camadas mais baixas da população, justamente o nicho que o presidente reúne mais apoios.
O sinal amarelo foi ligado no Palácio do Planalto. O marketing mudou, mas o presidente precisa mudar, voltar a ser o Lula de antes. Caso contrário a eleição de 2026 poderá ter surpresas.
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