A China é o país com mais condições de fornecer equipamentos médicos para os diferentes países neste momento. Tendo deixado para trás o período mais crítico da pandemia no seu território, retomaram a produção, mas não tem conseguido dar conta da demanda global. Segundo o nosso Ministério da Saúde, a China concentra 25% da produção mundial de produtos e insumos médicos. Tal concentração nunca havia sido um problema ao mundo, agora em meio a uma pandemia de um novo coronavírus, passou a ser.
A exemplo do exposto aqui, está a questão dos respiradores, instrumento fundamental para tratar os casos mais graves de Covid-19, em que o paciente precisa de auxilio para respirar – de forma mecânica – já que perdeu a capacidade respiratória. O mundo inteiro quer respiradores, e isso criou um problema de demanda e consequentemente preço. O chinês não olha rosto, olha bolso.
O Governo do Pará em março, já prevendo o caos que se tornaria (o que de fato se tornou semanas depois) a saúde pública por conta da pandemia, comprou da China 400 kits de UTI (400 respiradores, 400 monitores multiparamétricos, 400 oxímetros de pulso e 1.600 bombas de infusão). A primeira remessa chegou na madrugada da última segunda-feira (04), com 152 respiradores e 1.580 bombas de infusão.
Ao desembarcarem foram logo encaminhados para outras regiões do estado, na seguinte ordem: 80 serão destinados para o Hospital de Campanha de Belém e 30 para o Hospital Galileu, na Região Metropolitana de Belém. Dez respiradores vão para o Hospital de Campanha de Santarém; 10 para o Hospital de Campanha de Marabá; 5 para o Hospital de Campanha de Breves e 4 para o Hospital de Capanema. 556 bombas de infusão vão acompanhar os respiradores.
Pois bem, ao iniciar o procedimento de instalação desses equipamentos, percebeu-se que não funcionariam, pois a sua configuração não está de acordo com o padrão brasileiro. Portanto, não atenderiam a necessidade maior: salvar vidas. O caso não é exclusivo no Pará. Outros estados, prefeituras e entidades particulares estão com o mesmo problema. O governo paraense pagou antecipadamente (exigência dos fabricantes chineses) R$ 50 milhões. Ao ser detectado a falha, o governador Helder Barbalho ordenou que nenhum aparelho fosse utilizado. De pronto, o contato com o fabricante foi feito, assim como o caso foi reportado a embaixada chinesa.
Os 152 kits que chegaram de um total de 400, serão devolvidos e substituídos, assim como os que faltam chegar, por um novo modelo que está em produção neste momento, e deverá ser apresentado pela fábrica chinesa aos compradores afetados pelo problema na segunda-feira a noite, 11. A promessa é que esses novos aparelhos já estejam de acordo com as normas brasileiras de uso, para que assim, possam atender aos necessitados.
A questão é simples de entender: é como se você comprasse um produto, e recebe outro de qualidade inferior, e que, na verdade, não atenderá a necessidade para o qual foi adquirido. Cabe ao Governo do Pará processar criminalmente e civilmente os responsáveis. Tal procedimento – o erro e má-fé em si – pode ter sido responsável por mortes, ao não entrar em operação, ainda mais no estado crítico que vivemos do aumento dos casos de infectados. A má-fé custa vida. De resto é politicagem rasteira.