A decadência política do ex-senador Mário Couto iniciou quando rompeu relações com o governador Simão Jatene, após a campanha eleitoral, em 2014. A ruptura provocou no ano seguinte a saída de Couto do PSDB, partido que foi filiado por 25 anos. Os irmãos Salame (Beto e João), deixaram em 2016 o Pros e assumiram o comando do PP, depois do partido ter sido dirigido por 14 anos pelo ex-deputado federal, Gerson Peres. Iniciava, portanto, uma parceria política no plano teórico bem promissora.
No dia 07 de outubro de 2017, o ex-senador Mário Couto assinava a sua ficha de filiação ao Partido Progressista (PP). A condição do ex-tucano no ingresso ao referido partido estava na construção de sua candidatura ao Senado Federal. No dia 28 do referido mês e ano, Mário Couto realizou evento no Pará Clube, em Belém, com a presença de mais de 6 mil pessoas. Na ocasião lançou o seu livro: “A Política: Doa a quem doer” pela editora Sumaúma.
A partir daquele momento estava sendo montado a estratégia de Mário Couto para retornar ao Senado Federal. O seu novo partido, o PP, estaria coligado com o MDB e a candidatura de Helder Barbalho ao governo do Pará; e a de Jáder ao Senado. Com duas cadeiras em disputa, Couto imaginou que ele e o senador Jader estariam – dentro de uma ampla coligação de partidos – confortavelmente na disputa.
Couto não contava com a possibilidade da vinda do PSC para o lado dos Barbalho com a condição de ter a candidatura de Zequinha Marinho ao Senado, após o rompimento com Jatene, consequência do imbróglio decorrente do processo de não concordância em deixar o governo juntamente com o governador.
A relação de Couto com os Barbalho nunca foi das melhores. Mesmo o rompimento com Jatene e a saída do PSDB, não foram suficientes para o aproximá-lo do MDB. Pelo acordo dos Salame com os Barbalho, Mário Couto ingressou na coligação que lançou no último dia 05, Helder candidato ao governo.
Após as festas das convenções, percebeu-se atrasadamente, que cada coligação só poderia indicar dois nomes ao Senado. A coligação formada em apoio à candidatura de Helder Barbalho ao governo do Pará, ficou inflada, com cinco candidaturas ao Senado: Jader Barbalho (MDB), Zequinha Marinho (PSC), Ibanês Taveira (PTC), Jarbas Vasconcelos (PV) e Mário Couto (PP).
Formou-se um impasse. Dois nomes teriam que ficar. E no momento de confirmar Mário Couto na ata que homologava as candidaturas, o seu nome foi retirado. O que – pelo fim do prazo – o tira da disputa. O ato fomentou a fúria de Couto, que rapidamente anunciou o desembarque da candidatura de Helder; ligou a “metralhadora giratória” e passou – sem constrangimentos – para o outro lado, aderindo à campanha de Márcio Miranda.
Couto após ser rifado do processo, fez diversas acusações. Dentre elas, que a retirada de sua candidatura ao Senado seria uma defesa dos Barbalho, pois segundo o próprio, pesquisas (consumo interno, encomendadas pelos partidos e candidatos, mas que nunca os números nunca aparecem) indicavam que ele estaria em segundo lugar na disputa a Câmara Alta.
Mário Couto fez diversas acusações e ataques a Helder e a Jader, relacionado o nome dos dois a ilicitudes da política. A questão é que Couto (que justificava o seu retorno à política para combater à corrupção), logo ele, acusado por improbidade administrativa em licitações na Assembleia Legislativa do Estado, quando como deputado estadual presidiu aquela casa entre 2003 e 2007. O caso ficou conhecido nacionalmente como “Tapiocouto” – o escândalo da tapioca.
Já como senador, Mário Couto foi acusado de financiar o um time de futebol com dinheiro público do DETRAN, órgão que esteve sob o comando de apadrinhados por ele. Antes disso, os cofres do referido orgão já haviam sido saqueados por outro esquema coordenado por Sérgio Duboc, amigo de confiança e indicado pelo então senador tucano para operar naquele departamento estadual.
Portanto, Mário Couto não devia se apresentar como o baluarte da moralidade. Fazer discurso moralista. Em menos de 48 horas deixou de elogiar Helder e Jader, além de atacar os tucanos e aliados; para agora ataca-los ferozmente e passar a defender um projeto que sempre criticou.
Márcio Miranda receberá em seu palanque Mário Couto (sem ser bem-vindo). O ex-senador terá o espaço que solicitou para simplesmente descarregar a sua raiva e rancor contra os Barbalho. Mário Couto desde o início não passou de um “corpo estranho”, uma peça que não encaixava no tabuleiro montado pelos Barbalho. Desagregava mais do que a possibilidade de proporcionar ganho político-eleitoral a coligação. Compôs por um acordo político com os Salame, mas que se tornou um entrave principalmente a Jader.
A saída de Mário Couto reacende a apagada possibilidade do atual vice-governador Zequinha Marinho conseguir êxito em sua empreitada de acesso ao Senado. Até o dia 15, data final do registro de candidaturas, surpresas e novos desdobramentos poderão ocorrer. O jogo começou.