Megale será o vice de Miranda. Não foi escolha; na verdade, falta de opção

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Depois de um dos mais longos processos de escolha de um vice em eleições majoritárias no Pará, José Megale foi escolhido horas antes da convenção como o vice na chapa de Márcio Miranda ao governo do Pará. Conforme adiantado pelo blog, com base em suas fontes dentro do ninho tucano, o ex-chefe da Casa Civil foi escolhido após uma dezena de nomes serem sondados, consultados e visitados, com a negativa de todos (inclusive com nomes fora do ninho tucano). O martelo foi batido quatro horas antes da convenção.

Megale ao perceber que seu nome foi colocado na pauta depois de diversas negativas, ensaiou uma revolta, que poderia culminar em sua desistência. Porém, conforme dito pelo blog, o ex-deputado poderia aceitar. Dependeria do acordo. O que lhe foi oferecido para que aceitasse ser o vice, só saberemos em outro momento.

A base eleitoral de Megale é o Nordeste do Pará (que também pertence a Lúcio Vale, vice de Helder Barbalho). Portanto, pouco agrega eleitoralmente a Miranda. Megale nunca foi um deputado campeão de votos. Em levantamento feito pelo blog, tendo como referência a sua última eleição, em 2010, a sua maior votação (4198) ocorreu em Belém. Ao ser escolhido um vice de base eleitoral na RMB e Nordeste, agrega eleitoralmente o que a Márcio Miranda? Regiões em que o presidente da Alepa terá votação expressiva.

Essa concentração na representação política-eleitoral com a escolha de Megale a uma candidatura de um projeto político desgastado, que carrega consigo a imagem de uma gestão concentradora de ações e recursos, sendo impopular nas regiões mais afastadas da capital, parece ter sido uma escolha arriscada.

Miranda sabia que o seu vice sairia do ninho tucano. Essa foi uma condição para que o PSDB pudesse validar o seu nome na disputa; porém o presidente da Alepa esperava uma escolha agregadora, sobretudo, de votos e relações políticas. Ter um vice das regiões Sul, Sudeste e Oeste do Pará nunca foi uma garantia de ação do Estado; nunca garantiu que aquele território teria tratamento diferenciado; porém, não ter piora ainda mais a ausência representativa junto ao Palácio dos Despachos.

Deixando as paixões partidárias de lado, está claro que a escolha de Megale agrega quase nada político-eleitoralmente a Miranda. Em fevereiro de 2018, escrevi um texto intitulado: “Márcio Miranda será o ‘Boi de Piranha’ de Jatene”; ocasião em que aponto que o presidente da Alepa poderia ter entrado em uma estratégia de Jatene, em que o beneficiado seria apenas o governador e seu clã familiar, neste caso, a filha Izabela.

Sobre a postura e a tese de “Boi de Piranha”, basta perguntar a Mário Couto, Wandenkolk Gonçalves, Zé Carlos, Sérgio Leão e Manoel Pioneiro. Por ter perdido o protagonismo no processo eleitoral, 2018 pessoalmente para Jatene já está perdido. Quatro anos passam rápidos, 2022 chegará logo.

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