Ontem, 24, a pauta política do Brasil foi a entrevista do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à revista Veja. O mandatário nacional mostrou-se bem diferente de sua postura habitual. Não fez ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e tampouco ao regime democrático. A frase: “A chance de um golpe é zero” foi a manchete de capa do citado veículo. Bolsonaro afirmou que não há chance de um golpe de Estado ocorrer. Em outro trecho o presidente afirmou: “Vai ter eleição, não vou melar”, prometeu ele.
Na entrevista, Bolsonaro ainda tratou de vacina, justificando a sua posição de não defender os imunizantes; agradeceu a China… Uma postura totalmente diferente da que sempre teve. Em uma entrevista a grande imprensa, nunca se leu narrativas tão brandas de Jair. De repente, o presidente brasileiro tornou-se um democrata, um defensor do Estado Democrático de Direito.
Minha avó sempre diz: “Meu filho, não existe almoço de graça”. Em política, muito menos. Toda e qualquer mudança, tem um método, uma justificativa para que ocorra. No caso de Jair Bolsonaro, há algumas evidências: o golpe no dia 07 de Setembro não se concretizou; a popularidade em queda; situação complicada nas pesquisas; crise econômica e risco real de perder a disputa eleitoral. Poderá ter outros motivos, mas de pronto, essas podem justificar a postura “paz e amor” de Bolsonaro.
Outro ponto que se pode analisar sobre a entrevista do mandatário nacional à Veja foi a forma ou formato que o encontro quis passar para a opinião pública. Um Bolsonaro mais calmo, amansado, seria, por exemplo, uma opção novamente aos que apostam em uma terceira via. Ao se ter acesso ao conteúdo da entrevista, fica claro o trabalho para “vender” uma nova imagem do presidente.
De certo, a postura truculenta de Jair lhe tira mais votos do que o faz ganhar. O próprio sabe disso. O confronto que ele provoca – e que hoje serve apenas para alimentar a sua militância – só atende quase que exclusivamente aos seus apoiadores mais fervorosos. Jair sabe que se manter a postura de confronto, só pioraria o seu isolamento político.
A questão é: até quando irá essa postura amena do presidente da República? Em outras ocasiões, Bolsonaro já recuou e depois avançou, reafirmando o modus operandi do Bolsonarismo.
O que se pode afirmar é que a postura “amena” do mandatário nacional piora a condição eleitoral do que está se chamando de terceira via, pois muitos dos que identificam com grupo que hoje possui diversos representantes (pré-candidatos), justificam a truculência de Bolsonaro.
Como já dito, a mudança de postura de Jair tem método.