Na fome e no fuzil

O deputado estadual Torrinho Torres (Podemos) voltou a usar suas redes sociais para alertar sobre as consequências da operação de desintrusão da Força Nacional, iniciada para retirar supostos invasores das Terras Indígenas Apyterewa, do povo Parakanã, e Trincheira Bacajá, dos povos Kayapó e Xikrin. A ação acontece desde o início deste mês. A morte de um trabalhador é fruto do clima tenso que começou com a presença dos agentes federais na região.

Em um vídeo (assista aqui) que circula nas redes, o citado deputado questiona o valor de cada vida na Apyterewa. “Matar de bala e matar de fome. A vida não vale mais nada na Apyterewa, meus amigos. Eu pelo que vocês compartilhem esse vídeo e me perdoem a franqueza. Não foi por falta de aviso”, lembrou o parlamentar que foi uma das primeiras vozes a se levantar na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), alertando sobre as graves consequências que a operação para expulsar os trabalhadores causaria à região. E de fato aconteceu.

Após tomar conhecimento do assassinato brutal de um trabalhador rural, o deputado juntamente com o prefeito João Kleber ligou para o governador Helder Barbalho, ambos do MDB, para deixá-lo ciente dos acontecimentos trágicos na região.

“O governador prontamente ligou ao presidente Lula, que por sua vez, mandou suspender a operação na região. Eu digo e repito, que decisão judicial não é pra ser questionada, mas para ser cumprida’, completou.

O deputado, no entanto, lembrou que havia alguns dias que ele vinha tentando evitar essa tragédia, alertando na tribuna da Alepa. “O nosso governador parou a agenda no estado para irmos a Brasília junto com uma comissão de deputados estaduais exclusivamente para resolver essa questão. E a bancada federal do Pará também se empenhou”, recordou.

O parlamentar lamentou que a suspensão da operação só aconteceu após a morte de um trabalhador rural inocente. “Por que foi necessário que sangue fosse derramado para que uma operação fosse repensada?”, questionou.

Torrinho Torres criticou a falta de preparo dos agentes da Força de Segurança na execução da operação na Apyterewa. “Ao invés de proteger tirou a vida de um único homem, desarmado com dois tiros de fuzil. Que decisão judicial é essa que não respeita os direitos humanos? Que impede de entrar alimentos, corta energia, impõe a lei do medo e entra tocando o terror contra gente humilde?’, disparou o deputado.

Segundo ele, enquanto existirem debates sobre decisões judiciais envolvendo terras indígenas, a vida e a dignidade do povo nunca podem ser colocada em riscos.

O parlamentar voltou a afirmar que a Apyterewa é só a ponta do iceberg. “Aguardem o que vem por aí. Será pior que Apyterewa. Eu digo e repito. O que está acontecendo Apyterewa não é uma desintrusão. É uma expulsão de gente que está consolidada ali há mais de 40 anos. A criação da Apyterewa foi uma condicionante da construção da usina de Belo Monte. Aqueles produtores rurais estão ali naquelas terras muito antes e convivem pacificamente com os povos indígenas. Com uma terra desse tamanho meus amigos, dá pra viver todo junto e em paz. E o péssimo exemplo desse assassinato minimamente permita que o poder judiciário e o governo federal, em pleno século XXI, revejam com muita antecedência as suas decisões para garantir que nenhuma outra vida seja sacrificada por ações apressadas e imprudentes”, finalizou.

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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