A primeira vez que tratei da questão do antipetismo como patologia social foi em 2015. Quando havia um amplo movimento midialístico e político que fomentou a ebulição social que logo tomou as ruas e desencadeou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. O termo usado justificava a posição política da ampla maioria de quem propagava ódio contra o Partido dos Trabalhadores, haja vista, que não havia por partes dessas pessoas justificativas plausíveis, ou minimamente sustentadas com números e dados. Eram meros reprodutores de algumas afirmações sem base, sem fundamento.
Não que os governos do PT não tenham errado, pelo contrário, os erros cometidos custaram caro ao partido e foram muito bem explorados pelos adversários e pela grande mídia. O resultado está no imaginário da ampla maioria da população, que acreditou em tudo, sem maiores questionamentos sobre o conteúdo propagado. Exemplo disso foi a recente disputa eleitoral, em que inverdades (mesmo sendo do mais alto grau de absurdo) tornaram-se verdades incontestáveis.
Mesmo com o fim do processo eleitoral, o clã Bolsonaro continua no palanque. Os ataques ao PT continuam, e servem fundamentalmente para manter o Bolsonarismo vivo, aceso e com sentido de existir. A crítica agora é que o PT e Psol decidiram boicotar a cerimônia de posse do presidente eleito. Lembro-me bem, quando do primeiro dia do ano de 2015, por ocasião de outra posse, a de Dilma Rousseff depois de ter sido reeleita, o PSDB e o DEM não prestigiaram tal solenidade. Ocorreram críticas? Protestos? Não. Por que só agora? E outra: como comparecer a um evento em que o anfitrião prometeu metralhar componentes desse grupo? Como se fazer presente a uma cerimônia em que a sua presença não é aceita? Então, portanto, a crítica pela ausência não faz o menor sentido, ou no mínimo é incoerente.
Então por que o antipetismo é patológico? Costumo dizer que muitos que se colocam contra o PT, nem sabem o por que tomaram tal posição. Muitos nem se quer sabem defender a sua posição e não possuem argumentos para manter a sua crítica ao partido. São contra porque são, simples assim. Quando converso com algumas pessoas que se colocam na posição antipetista, sempre quando questionadas, soltam frases prontas: “porque o PT é corrupto”. Oras, será que pensam que só o referido partido cometeu ilicitudes? Ou a corrupção começou com o PT?
Muitos que se intitulam antipetistas são meros reprodutores de frases e comportamentos. Não se dão ao trabalho de analisar o contexto ou as informações que recebem. No caso da corrupção, por exemplo, no site Transparência Brasil, o PT aparece na nona posição em relação aos parlamentares que respondem a processos. O PSDB (blindado pela mídia) é o terceiro, com mais do que o dobro dos petistas. Mas a mídia faz você pensar o contrário.
O que é preocupante é o antipetismo avançar sobre as camadas mais populares, a base do PT, e que levou e sustentou o partido por 14 anos no Palácio do Planalto. Isso tudo se perdeu, em parte, provocado pelo próprio partido, conforme abordei em outro post: “O PT sofre dos próprios avanços e conquistas”. O PT mudou a vida de milhões de brasileiros para melhor, enquanto foi governo, especialmente nas duas gestões do ex-presidente Lula. A questão hoje é que esses milhões que ascenderam socialmente, queriam mais, não se contentam com o que conseguiram e tinham, os fazendo esquecer, por exemplo, de quem os garantiu esses avanços. Em 2015, avisei que o antipetismo era patológico por sua caracterização social. Se não fosse combatido, se tornaria algo latente, movimento forte e com base, o que, de fato, aconteceu, em 2016 e que se cristalizou na última eleição.
Foi exatamente esse espírito combatente ao PT que manteve o PSDB em evidência por anos, criando por seis disputas eleitorais sucessivas a bipolaridade, que por duas décadas, ditou o ritmo da política brasileira. Com os tucanos em decadência, o posto foi tomado e assumido por Jair Bolsonaro e seus seguidores que encontraram nesse “inimigo declarado – o PT” a possibilidade de crescimento político, o que, de fato, aconteceu, e que deverá continuar para que o “Bolsonarismo” possa ter sentido de existir, manter a sua base de crescimento e surgimento. Não, por acaso, que o presidente eleito afirmou: “não podemos errar, caso contrário o PT volta”. Essa será a narrativa de seu governo, e que será sustentada pela grande mídia.